O secretário do Bureau Político do MPLA para a Informação, Albino Carlos, manifestou-se confiante na vitória do seu partido nas próximas eleições gerais em Angola, agendadas para 2022.
“O povo angolano vai renovar o seu voto de confiança no MPLA”, disse o político, em entrevista ao site “Fonte de Notícias”, publicada neste sábado, 20 de Fevereiro.
Sou um angolano comprometido com o exercício da cidadania participativa. Sou professor universitário, jornalista e escritor.
FN – Quando começou o seu envolvimento com a política, visto que é formado em Ciência da comunicação?
AC – Desde muito cedo que tenho dado a minha modesta contribuição no MPLA, em prol de Angola e dos angolanos. A formação superior reforçou ainda mais o meu sentido de participação na política, cultura e na educação.
FN – Como membro do Secretariado BP do MPLA, diante de tudo que aconteceu na vila de Cafunfo o que tem a dizer?
AC – O quadro político vigente em Angola permite o exercício de todos os direitos, liberdades e garantias aos cidadãos. Advogo o direito à manifestação, mas condeno veementemente todos os actos de subversão da ordem constitucional. A soberania nacional é uma questão sagrada. A paz e a unidade nacional custaram a vida de muitos angolanos, por isso não podem ser postas em causa. Hoje, qualquer pessoa de bem pode constatar que há um progressivo alargamento dos espaços de liberdade de expressão e de manifestação, no quadro da consolidação do Estado Democrático de Direito. Mas para a UNITA e seus apoiantes de última hora, o que conta é somente tirar o MPLA do poder. Estão obcecados pelo poder da vingança.
FN – Porque que acusa a UNITA e o seu Líder de estarem em campanha de vitimização?.
AC – Porque o que está em causa em Cafunfo é um acto perpetrado contra a soberania nacional e não questões de racismo ou xenofobia. A UNITA quer esconder os problemas de contestação interna à liderança de Adalberto da Costa Júnior, criando, para o efeito, factos políticos para enganar a opinião pública. O comunicado do BP do MPLA foi categórico na condenação da tentativa de rebelião contra as instituições democraticamente constituídas, conta actos de incitamento à instabilidade político-social e de divisão entre os angolanos que não mereceram a mais leve reprovação por parte da UNITA e seus arregimentados aliados. Condenamos as forças políticas que promovem a tomada do poder por vias não democráticas e que estão ao serviço de agendas de forças estrangeiras em detrimento dos interesses de Angola e dos angolanos. É absolutamente intolerável que certos indivíduos se aproveitem da abertura política reinante para atentar contra a honra e dignidade do Chefe de Estado, para destilar o ódio e semear a divisão entre os angolanos; é absolutamente inaceitável o incitamento à desobediência civil e a promoção da tensão social. Vê-se que claramente que muitos militantes da UNITA e seus aliados ainda não desarmaram totalmente as suas mentes, não querem a Paz e a Democracia. Vê-se claramente que o único programa político da UNITA e de muitos dos seus aliados de última é tirar o MPLA do poder, nem que isso custe a vida do Povo angolano.
FN – O que tentou transmitir quando falou do racismo e da xenofobia relacionado á UNITA?
AC – A UNITA não tem legitimidade política nem autoridade moral para associar o MPLA às narrativas sobre xenofobia e racismo. Quem pugna e sempre pugnou por políticas e actos racistas, xenófobos, tribalistas é a UNITA. Quem questionou a dupla nacionalidade de Adalberto da Costa Júnior foram os militantes da UNITA, no seu último congresso. A questão da dupla nacionalidade está claramente definida na Constituição. O senhor Adalberto da Costa Júnior quer é esconder que está a ser fortemente contestado no seio da UNITA histórica, no seio dos militantes que deram a sua vida pela UNITA. O Senhor Adalberto sabe que foi usado apenas para mostrar que a UNITA estava a urbanizar-se. A UNITA continua com a mente enferrujada por princípios retrógrados. O MPLA orgulha-se do seu percurso histórico. O MPLA condena o racismo, o tribalismo e o regionalismo quer nos seus Estatutos e Programas, como na sua acção política quotidiana.
FN – No âmbito do lema do partido ´´melhor o que esta bem corrigir o que esta mal´´, poderia falar sobre os membros do seu partido que estão a sofrer processos judiciais no âmbito da corrupção?
AC – Desde que tomou posse como Chefe de Estado Angolano que o Presidente João Lourenço elegeu a Constituição e a lei como bússola da actuação política. Sempre se definiu que ninguém está acima da lei. O combate contra a corrupção e a impunidade é um imperativo nacional, dele depende o destino de Angola como País e Nação. Há muitas forças de bloqueio. A UNITA quer fazer do combate contra a corrupção uma arma de arremesso político. Quer as alegações de selectividade, quer as arruaças e as acções contra a honra e dignidade do Presidente João Lourenço, enquadram-se nas manobras sistemáticas de diversão para desviar a atenção dos Órgãos de Justiça e dividir o MPLA. Querem criar a instabilidade política e descredibilizar as autoridades nacionais para que o investimento estrangeiro não vem para Angola. À medida que se aproximam a data de realização do Congresso do MPLA e das eleições, estas campanhas vão aumentar de intensidade. Mas, se os angolanos em conflito com a lei e os lobbies internacionais e os interesses alheios ao Povo angolano julgam que com essas manobras vão desmotivar o Presidente João Lourenço e frenar o combate contra a corrupção e a impunidade, estão redondamente enganados: quando se trata de defender os superiores interesses de Angola e dos angolanos, o Presidente João Lourenço revela-se um homem determinado, corajoso e sempre imbuído de sentido de Estado. Para o MPLA, a soberania nacional e os interesses do Povo angolano são sagrados. Nós vamos é incrementar o combate contra a corrupção, que é um combate de todas as forças vivas da Nação. Já não é apenas uma luta do MPLA.
FN – Que MPLA, pode surgir no próximo Congresso… as vozes dissonantes, podem vir a ganhar espaço a ponto de surgirem vários candidatos a Presidência?
AC – Depois do VIII Congresso Ordinário auguro um MPLA mais forte, mais coeso e cada vez mais comprometido com as transformações políticas, económicas, sociais e culturais que o país e o mundo experimentam. Um Partido mais aberto às críticas, mais tolerante às novas ideias e opiniões e mais sensível ao pulsar da sociedade. O próximo congresso será a antecâmara de um MPLA melhor preparado para enfrentar e vencer os desafios do presente e do futuro. A democracia interna salvaguarda as vozes dissonantes e as tendências. No MPLA sempre houve e vai continuar a existir vozes dissonantes. É da diversidade de opiniões onde reside o argumento da razão da força do MPLA. A transição política veio demonstrar que o MPLA é, indiscutivelmente, um Partido dinâmico e com uma visão de futuro. Só um Partido como o MPLA, com ampla vocação pluralista e que pugna pela democracia e pluralismo poderia liderar o processo de instauração do multipartidarismo e democracia e estar agora a construir uma Angola mais desenvolvida, mais democrática e mais inclusiva. Somos um Partido em constante transformação no sentido de estar à altura das expectativas do Povo Angolano.
FN – Doutor Albino Carlos, o custo de vida está bastante elevado e todos os dias os cidadãos abeiram o desespero. A primeira vista podemos dizer que as eleições serão desafiantes para o seu Partido. Caso percam as eleições, o MPLA, está preparado, por exemplo a ser Oposição?
AC Povo angolano tem maturidade política para aquilatar as conjunturas e escolher quem melhor preparado está para conduzir o seu destino. O Povo angolano tem memória, sabe com quem deve contar e no momento certo saberá exercer a sua soberania. O MPLA continua a fazer por merecer o voto de confiança do povo angolano. Quanto as dificuldades, dizer que o MPLA é um Partido que não foge aos desafios. Estamos a trabalhar arduamente para debelar a crise económico-financeira. Enquanto os nossos adversários estão ocupados em realizar acções de subversão, nós estamos empenhados a resolver os problemas do Povo.
FN – Existem vozes no país, que dizem que o MPLA, não tem actualmente uma ideologia política e que está a olhar apenas para a manutenção do poder. Que comentário pode fazer?
AC – Não somos uma força política que encara a disputa política como uma questão de vida ou morte. A soberania reside no povo. Para o MPLA, é o povo que é o ponto de partida e o ponto de chegada de toda acção político-partidária. O MPLA é um partido enraizado no seio do povo, é um partido do povo para o povo e pelo povo. Somos um Partido profundamente comprometido com os superiores interesses de Angola e dos Angolanos. Somos um partido da esquerda democrática que se pauta pelos princípios da solidariedade, da liberdade e da justiça social como pilares fundamentais da acção política.
FN – Porta voz – O seu partido sempre foi bastante moderado nos pronunciamentos que faz. O último comunicado do Bureau Politico do MPLA, foi considerado por vários analistas e no Espaço Publico, como mais duro e pouco diplomático…. é o romper desta marca do seu Partido?
AC – Quando se trata da defesa da soberania nacional, quando o imperativo é a defesa das instituições democráticas, quando a causa da unidade e a reconciliação nacional está ameaçada, o MPLA não hesita. Foi assim quando lideramos a luta armada de libertação nacional contra o colonialismo português, foi assim quando rechaçamos as evasões estrangeiras, foi assim quando vencemos a guerra e instauramos a Paz e a Democracia e será sempre assim quando estarão em causa os superiores interesses de Angola e dos Angolanos. A Pátria é sagrada. O MPLA tem um compromisso de sangue com Angola e os angolanos.
FN – O Partido e o Presidente do Partido, actualmente estão alinhados no que toca o combate a corrupção?
AC – O combate contra a corrupção e a impunidade faz parte dos Estatutos e Programas do MPLA. O Presidente João Lourenço teve a coragem e a determinação de torná-lo numa realidade palpável e não em letra morta. MPLA e o Executivo estão alinhados e determinados a extirpar esse cancro que dilacera o corpo da Nação, colocando em perigo o futuro das presentes e vindouras gerações. Infelizmente a UNITA tem feito do combate contra a corrupção uma arma de arremesso político, a UNITA não está verdadeiramente interessada no combate contra a corrupção e a impunidade. O MPLA e o Executivo vão prosseguir com o combate contra a corrupção. Assim determina o dever patriótico.
FN – O Que a dizer sobre a aliança entre a UNITA, Bloco Democrático e Pra-Já?
AC – Esta aliança é sinónimo da vitalidade do nosso sistema democrático. Ou seja, em Angola não é preciso fomentar actos de subversão da ordem constitucional para se chegar ao poder. O MPLA está preparado para enfrentar todos os desafios. O MPLA é um Partido que gosta de desafios, nunca virou cara à luta. É nessas alturas que o MPLA se socorre da sua mística e do sentido de militância empenhada dos seus militantes, simpatizantes e amigos. A oposição está aflita, quer o poder a todo custo, está obcecado em tirar o MPLA do poder. Mas o povo angolano é soberano e tem maturidade política. Povo angolano vai renovar o seu voto de confiança no MPLA.