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Angola: MPLA está a tempo de cumprir “promessas eleitorais” em altura de COVID-19?

O primeiro mandato do Presidente João Lourenço está prestes a terminar e já se questiona o cumprimento das promessas eleitorais feitas em 2017. Os cidadãos alertam para aumento das dificuldades do povo angolano.

Mais emprego e a transformação de Benguela em “Califórnia de Angola” foram as promessas mais sonantes do Presidente João Lourenço na campanha eleitoral de 2017 em Angola.

“E ao falarmos de Califórnia de Angola, para que melhor entendam, queremos dizer que Benguela pode ser uma das províncias que mais contribuem para o produto interno bruto (PIB) de Angola”, disse, na altura, o atual Presidente.

A pouco mais de um ano do início da próxima campanha eleitoral, questiona-se se o Presidente Lourenço vai a tempo de cumprir estes e outros compromissos que estabeleceu com o eleitorado na corrida às últimas eleições presidenciais.

“Facilmente podemos dizer que não vai cumprir por causa de algumas opções estratégicas muito mal concebidas e, nalguns casos, foi até muito mal aconselhado”, comenta João Malavindele, coordenador da ONG Omunga, que tem sede em Benguela.

Angolanos com vida difícil

Para João Malavindele, a vida dos cidadãos angolanos está cada vez mais difícil, sobretudo com a subida dos preços dos principais produtos básicos, como o arroz.

“Não é por acaso que aumentou consideravelmente o índice de pobreza. Também temos estado a assistir [aos casos de] crianças e idosos a morrerem de fome”, alerta.

O responsável daquela associação admite, no entanto, que pelo menos uma promessa começou timidamente a ser cumprida: a luta contra a corrupção. “Começando pelos membros do seu partido [MPLA], embora entenda que nesse processo há muita coisa para se corrigir para que possamos ter um verdadeiro combate a corrupção”, considera.

Dependência do petróleo

Por outro lado, vários cidadãos acham que há falta de vontade política no cumprimento das promessas eleitorais e o analista angolano Osvalo Mboco defende duas razões que contribuíram para os fracos resultados da atual governação.

“A Covid-19 e a nossa economia, que está em baixa”, referiu. “Infelizmente nós temos uma economia mono-produtora e mono dependente que fica volátil, [porque indexada] ao preço do barril do petróleo no mercado internacional. Perante esse contexto adverso, o Presidente João Lourenço não conseguirá cumprir todas as promessas da campanha”, assevera.

Para o professor universitário, “dificilmente os Governos cumprem as suas promessas eleitorais na integra” logo no primeiro mandato. “Daí que, o segundo mandato visa não simplesmente lançar novos desafios, mas também realizar as promessas que no outro manifesto estiveram presentes”, conclui.

 

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