O descontentamento com a pobreza e a fome, bem como a propaganda “falhada” de combate à corrupção, são os principais desafios do MPLA em 2022 em Angola. JLo minimiza críticas e garante “vitória retumbante”.
Fruto da crise social que se vive em Angola, marcada por um alto índice de pobreza e fome, bem como a propaganda “falhada” de combate à corrupção, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) perde a aceitação da população, principalmente nas zonas urbanas, onde se registam queixas de falta de emprego. O poder de compra dos angolanos baixa diariamente devido ao elevado preço da cesta básica.
Melhorar as condições de vida dos angolanos é o principal desafio que o MPLA terá de vencer nos próximos tempos, segundo o secretário para Mobilização Urbana do partido no poder em Luanda, Bento dos Santos Kangamba.
“Vamos ganhar as eleições em 2022. Não estamos só preocupados com as eleições de 2022. Estamos preocupados com a criação de condições para as populações. Queremos ver a redução do preço da cesta básica, queremos os trabalhadores com o poder de compra”, afirmou.
Histórico de má governação
A boa governação é o grande desafio que o MPLA tem pela frente, disse em entrevista à DW África o analista político Olívio N’kilumbo. O especialista acredita que, com este histórico de má governação, o partido no poder vai “jogar sujo” para vencer as eleições.
“Angola não é uma democracia e as manobras pré-eleitorais que estão a ser feitas visam desalojar a intenção da oposição, que quer a alternância”, observa o politólogo, para quem “as ações feitas de anulação de congresso [da UNITA], a captura da imprensa, a lei eleitoral fraudulenta e outras ações que asfixiam os partidos na oposição são ações que mostram que o MPLA tem poucas soluções limpas”.
Perante este quadro, o analista diz que “vai ser desafiante, por exemplo, o Presidente João Lourenço ser reeleito. Ele cria condições para desacreditar os partidos na oposição para avançar sozinho”.
Disputa desigual
João Lourenço e o MPLA terão como grande adversário Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que carrega consigo a Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma política que congrega para além do “Galo Negro”, o Bloco Democrático, o PRA-JA Servir Angola e a sociedade civil.
O jornalista angolano José Gama, prevê uma disputa eleitoral desigual entre o MPLA e a oposição. “Adalberto Costa Júnior vai para uma luta desigual porque o seu adversário tem o Estado, a comunicação social, os serviços de segurança, a polícia, as forças armadas, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), os tribunais e todo o aparelho a seu favor”, sublinhou o jornalista.
“Mas tendo em conta que estamos no Estado de Direito e democrático, a Adalberto Costa Júnior não lhe resta nada a não ser pegar-se na lei e fazer uma boa fiscalização”, conclui.
Vitória “retumbante”
Reeleito presidente do MPLA, João Lourenço recomendou aos militantes e às organizações de base do partido no poder a trabalhar arduamente para a conquista de uma “vitória retumbante” nas eleições de agosto de 2022.
Aos seus apoiadores, João Lourenço disse que as críticas sobre a sua governação não passam de “falácias” dos seus detratores, por isso, recomenda aos militantes do MPLA a estarem mais motivados para a reconquista do poder político em Angola.
Quando ainda faltam pouco mais de nove meses para as eleições presidenciais, o líder do MPLA já pensa na vitória. “Vamos todos trabalhar na organização da próxima festa que será a festa da vitória em agosto de 2022. Todos nós vamos trabalhar, cada um fazendo a sua parte”, disse.
João Lourenço, entende que para vencer as eleições do próximo ano, o seu partido deverá mobilizar os cidadãos para o registo eleitoral. “A prioridade é trabalharmos no sentido de garantir que os cidadãos angolanos geralmente, mas em particular os nossos militantes, simpatizantes, amigos e outros militantes que reconhecem que somos um partido muito sério e é em nós que devem votar, regularizem a sua situação de eleitor”, acrescentou.
As estruturas de base do partido dos camaradas como a JMPLA, braço juvenil do MPLA, e a Organização da Mulher Angolana (OMA) garantem que já há mobilização das comunidades.
Em declarações à imprensa, Joana Tomás, a secretária-geral da OMA, afirma que a entrada de mais mulheres na direção do MPLA vai garantir mais votos para João Lourenço nas eleições gerais.
“No próximo ano, nós temos que garantir a vitória do MPLA. As mulheres angolanas celebram conosco esta paridade para dizer que é possível trabalharmos lado a lado, homens e mulheres, para o crescimento do nosso país”, frisou a líder da organização feminina do partido no poder em Angola.