Neste terceiro episódio da série ‘’felicitações ensimesmada’’ ao Ex Presidente angolano José Eduardo dos Santos, no poder desde 1979 a 2017, que teve início no ano de 2019 no portal Club-K, começo por felictá-lo com a seguinte miopia parabenizada:
Fez hoje 79 anos, aquele que carrega a fama de unificador e catalizador da paz em angola, aquele que, durante 38 anos, dedicou-se ao país, dando do seu tempo, sabedoria, solidariedade e afabilidade para com o seu povo. Parabéns pelo seu aniversário José Eduardo dos Santos.
Voltando a realidade, afinal, que tipo de dedicação foi a de Eduardo dos Santos? Que resultou da tal propalada dedicação, agora que não mais é o Presidente da República? São questões que nos remetem a uma séria reflexão, conquanto, tudo que se pode aferir é que, da dedicação, pouco ou nada de simpatia restou da parte do povo. Vê-se por hoje, que aquelas manifestações de apoio, torneios desportivos, enaltecimento da imprensa com um ímpeto de “Rei’’ que parecia ser a data do seu aniversário mais importante que a da independência”, tudo aquilo não passava de xinguilamento de realce ao culto de personalidade ligado ao facto de ser o chefe de Estado cuja máxima era a de aguardar o arquitecto da paz.
O tempo dedicado serviu para o enriquecimento dos seus familiares e membros do partido, a sabedoria, a solidariedade e a afabailidade com que reinou, na verdade, não beneficiou o povo em geral, e sim um grupo restrito. As suas escolhas tiveram sempre a sua família e o seu partido como prioridade, resultando no empobrecimento galopante da maioria dos angolanos.
Numa entrevista aos cidadãos angolanos da DW Africa, em 2019, nas vésperas do seu septuagésimo Sétimo aniversário, foi possível constatar que, os cidadãos angolanos não recordam JES com bom ânimo, com o argumento de que fez muitas coisas más no país incluindo a repressão acima de tudo. Alguns disseram que não dava a liberdade às pessoas de se expressarem e de se oporem a ele. “Não sinto saudades, porque dele absolutamente não ganhei nada”.
“Agora é que vejo um país um pouco mais aberto, onde a pessoa consegue exprimir-se, consegue circular mais livremente e opor-se às más coisas do nosso país,” disse um cidadão que pediu anonimato. Portanto, JES deixou de ser aquela figura que mobilizava todas as atenções. Hoje é praticamente hostilizado, os seus aspetos negativos vêm ao de cima em todos os setores.
Muitos o questionam, mesmo aqueles que ontem eram os seus aliados. Foi um péssimo líder. Encontrou o país na miséria quando assumiu o volante (1979) e deixou o país na penumbra depois que saltou do barco (2017). Entrou para as contas de líder ditador africano. Pelo legado de miséria que nos deixou, pela oportunidade que tirou de muitas famílias, pelos sonhos que matou de muitos Jovens, pela confiança que depositamos e fomos maltratados e pela pátria querida que desrespeitou e humilhou…mais não tenho a dizer, restam-me apenas agradecer, MUITO OBRIGADO JES!
Ladislau Silva, Gestor, Cyberactivista.
Luanda, 28 de Agosto de 2021