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Angola/Namibe: Cada vez mais crianças pedem “esmola” nas ruas

Na província angolana do Namibe há quase 500 crianças a pedir esmolas. Para estas aguarda-se uma quadra festiva assombrada pela fome e pobreza, afirmam peritos entrevistados pela DW África.

O número de crianças pedintes na província do Namibe está a crescer a passos largos, confirmam varios peritos e observadores entrevistados pela DW.

Muitas crianças em idade escolar são obrigadas a assumir grandes responsablidades para ajudar a família, como é o caso do pequeno Domingos José, que vive com a sua avó que, por sua vez, precisa de ajuda: “Nós pedimos na rua, com as dificuldades que vivemos em casa. Então vem daí a necessidade de pedir dinheiro. O meu sonho é de ser administrador para ajudar os mais necessitados.”

Também o pequeno Paulino Catchimbamba, de 13 anos de idade, passa boa parte da sua vida a pedir nas ruas de Moçâmedes, no Namibe. O estudante do 6º ano do ensino primário reside na localidade de Aida, no município de Moçâmedes, o mais populoso da província com mais de 290 mil habitantes.

“Não temos comida para nos alimentarmos, porque nós também às vezes em casa não temos nada para nos alimentar. Então decidimos ir perto das lojas para pedir comida. Vivo com a minha tia e somos cinco. Tenho o meu irmão que anda comigo, os outros já são adultos e o meu sonho é ser padre.”

Exige-se resposta por parte do Governo

O sociólogo e também empresário Claudino Neto diz que o Governo deve criar “políticas e não propagandas” para resolver situações deste género. Sugere ainda a criação de programas para mitigar a fome de muitos destes meninos ainda em idade escolar.

“Algumas destas crianças, em teoria, estudam, mas muitas delas não ficam na escola devido à fome. É necessário capacitarmos os pais que não tenham recursos para que os pais tenham condições de alimentar os seus filhos”, diz.

E  Neto alerta que “o Estado não vai empregar toda gente, o que o Estado tem de fazer é chamar pessoas capacitadas e criar órgãos competentes que acompanhem essas mães e esses pais. É preciso lidar de modo organizado e comprometido com esta situação.”

Numa nota enviada à DW, o Instituto Nacional da Criança (INAC) e o Gabinete da Ação Social e Igualdade do Género no Namibe afirma que já está a ser a elaborado um programa para dar resposta a esta situação. A solução passaria pela criação de centros de dia em todos os municípios da província. onde as crianças carenciadas passariam a fazer as suas refeições e outras atividades.

Já se fez um levantamento em toda província: são mais de 480 as crianças que estão nesta situação precária. Ajudar as crianças que pedem nas ruas é a meta das autoridades provinciais para o próximo ano. A nível nacional, recorde-se, o Presidente João Lourenço minorizou o problema da pobreza, afirmando que “a fome em Angola é relativa”.

 

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