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Angola: Não será porquê, muitos de nós, queremos emprego mas não amamos o trabalho?

O Estado não deve ser, em principio, o maior empregador, nem tão pouco ter isto como seu core-business. Deve, isso sim, criar condições, através de políticas públicas que incentivem o investimento e o desafogo destes em impostos, permitindo um ambiente de negócios saudável, para que o sector privado actue, nos mais variados ramos, criando empregos, produzindo riqueza e distribuindo renda.

No entanto, é como “parece ka música memo”, as empresas visam lucros, os seus detentores esperam dos gestores destas a rentabilidade. Estes, por seu turno esperam que os colaboradores se dediquem ao trabalho para atingirem metas pré-estabelecidas e, se possível, superarem-nas. Adicionalmente, o colaborador, para ver facilmente atingida sua meta, precisa ter patente e dedicar-se, dentre outras, as seguintes facetas: Profissionalismo, Assiduidade, Disciplina e Proactividade.

Dito isto, questiona-se: estamos dispostos a abdicar de nossas “liberdades”, nomeadamente, as de acordar a hora que quisermos, de ficar horas no refeitório, nas redes sociais, no papo com kambas, nos namoricos, nas fofocas entre colegas em horário de trabalho, em não ser incomodado, no conformismo e no isto é Angola wee? Pois, não basta querer emprego. É necessário, e até por uma questão de coerência e honestidade, vestir a camisa e dedicar-se ao trabalho, sendo proactivo e resiliente que, aliás, nos é característico, enquanto jovens. A forma como nos dedicamos aos nossos afazeres/responsabilidades, com total atenção, empenho, requinte e rigor, vai ajudar-nos a crescer e, com isso, a fazer crescer a nossa instituição e com isto, mantemos sustentável o nosso posto de trabalho, ajudamos o país a crescer, de alguma forma. Se você mal faz o seu trabalho mina a imagem da sua empresa, com isto, baixa a confiança dos clientes e isto é uma publicidade inversa e perigosa para os negócios. Em Vendas por Excelência, aprendemos que “Um cliente bem atendido traz consigo 5 novos clientes. Um cliente mal atendido afasta com ele 10 potenciais clientes”. Reflitamos! Infelizmente, e vezes sem conta, conseguimos ver, em postos de trabalho, destaque aos “frontoffice”, dedicarem maior parte do seu tempo em coisas mesquinhas em vez de fazerem o seu trabalho. Exemplos?

– O exemplo claro é do Balconista, por exemplo, que prefere priorizar a visualização de conversas do WhatsApp em vez de dizer “o próximo, por favor”, num estabelecimento onde a fila de espera por atendimento é enorme;

– Outro exemplo é da Enfermeira que fica horas no refeitório ou em conversas sobre o final de semana com colegas, enquanto pacientes padecem/carecem de atendimento urgente.

– Temos um exemplo frequente, que é o caso do Administrador/Dirigente que leva dias para assinar um despacho/documento ou conceder uma audiência ao cidadão, porque fica mais tempo fora do escritório, em eventos, reuniões, passeatas, entre outros, procurando oportunidades para causar impressões, como se de um Embaixador da Boa Vontade ou Lobistas de Estado se tratasse.

– Temos o exemplo da Vendedora que, se o cliente não comprar, mas se atrever em perguntar, leva ofensas e outras adjectivações, esquecendo-se que, provavelmente, a pessoa perguntou para ter uma ideia e, a posterior fazer a compra. Ou foi-lhe solicitado a saber do preço, apenas.

– Queremos mais um? É do Taxista que, quando as paragens estão superlotadas, maltrata os passageiros e, por cima disto, ainda extrapola com preços exorbitantes e, de esquebra, encurta as rotas. Em suma, os exemplos existem aos montes.

Termino indagando a ti, Jovem Angolano/a: É dado certo que queremos emprego, mas, será que estamos dispostos a trabalhar? Não responda-me com texto, nem murmúrios, mas com acção, ali onde estiveres inserido ou localizado, dando o melhor de si para deixar a sociedade melhor do que a encontraste.

AVANTE

Att,
Malunda Ntchima,
DE NAMBUANGONGO, 12.11.2020.

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