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Angola: “O MPLA finge ser democrata e a UNITA finge ser oposição” — Borralho Ndomba

UNITA realiza neste sábado (23.09) uma manifestação pacífica pela liberdade em Angola. Mas, para um grupo da sociedade civil, o evento demonstra a falta de coerência da formação política de Adalberto Costa Júnior.

A marcha que parte do Cemitério da Santana até ao Largo das Escolas, em Luanda, vai contar com a presença dos líderes da Frente Patriótica Unida (FPU).

Os políticos Adalberto Costa Júnior, Abel Chivukuvuku e Filomeno Vieira Lopes vão marchar pela “liberdade” junto dos seus apoiantes na capital angolana.

Vontade dos angolanos não foi respeitada

Álvaro Chikwamanga Daniel, porta-voz dos “maninhos”, diz que a gestão do processo eleitoral também está na agenda da marcha de sábado.

“Aperceberam-se da vontade expressa nas urnas pelo povo, mas continuam com o comportamento pouco digno”, diz.

Chikwamanga afirma também que os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral e validados pelo Tribunal Constitucional foram um “golpe” para o povo angolano.

“Vamos dar o exemplo do que aconteceu recentemente na Assembleia Nacional em que, de um acordo feito entre as partes para que houvesse alguma equidade na distribuição dos espaços da gestão da mesa da Assembleia Nacional, até aqui querem manter a sua hegemonia em todas as dimensões das estruturas do Estado”, ressalta.

Marcha contra a “perseguição política”

O dirigente da UNITA afirma que a marcha também visa repudiar as “prisões arbitrárias” que se registam no país. Entre as vítimas, estão ativistas e membros do partido do galo.

“Há também dirigentes do partido em algumas áreas, fundamentalmente, no Cuando Cubango, que têm sido perseguidos e presos pelo regime”, avança o porta-voz, lembrando que estes atos “limitam a liberdade dos cidadãos”.

A UNITA vai exigir também que o novo executivo de João Lourenço concretize as promessas eleitorais, como a implantação das autarquias.

“Incoerência” na UNITA

No entanto, muitos angolanos que estão desapontados com a UNITA afirmam que a marcha demonstra a falta de “coerência” do partido liderado por Adalberto Costa Júnior.

Os críticos estão contra a tomada de posse do maior partido da oposição no Parlamento e a presença do seu presidente no Conselho da República.

Donito Carlos é um dos jovens angolanos que apoiou o movimento da alternância liderada pela UNITA e agora diz-se “traído”“Ele não reconheceu os resultados eleitorais, dando como ilegítimo o Presidente, e mesmo assim vai ser conselheiro de um Presidente que ele considera ilegítimo”.

Donito aponta à incoerência de Adalberto Costa Júnior e que do “ponto de vista ético”, num país onde se pauta muito pela moralidade, esta decisão é “incoerente”.

“Não vejo coerência em ir a uma manifestação em que de facto não sabemos qual é o pendor”.

“Negoceiam o sofrimento dos angolanos”

Osvaldo Caholo é outro ativista cívico angolano que acusa a UNITA de negociar com o MPLA o sofrimento dos angolanos, afirmando que a UNITA é um partido que não faz oposição.

“O MPLA finge ser democrata e a UNITA finge ser oposição. Mas a única coisa que não é fingimento é o sofrimento do povo”, lamenta.

O ativista angolano explica que se Adalberto Costa Júnior vai tomar posse de conselheiro, é porque reconhece como “legítimos os resultados eleitorais”.

“Pergunto: que tipo de manifestação vamos ter? Manifestação de ir de manhã e voltar para casa à tarde ou uma manifestação que vai terminar com a queda do MPLA? Neste momento, não se poderá fazer nada, porque o Presidente da República já foi investido”, conclui.

 

 

 

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