Inspirada em organização anticolonial, a União dos Povos de Angola foi apresentada ao público esta segunda-feira em Luanda. A U.P.A pretende assumir as funções de “Governo Sombra” e fiscalizar o Governo do MPLA
Dez anos depois de participar na organização de manifestações contra o Governo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o ativista Pedrowski Teka encontrou uma forma para a conquista da alternância do poder político em Angola.
Cansado de criticar o regime que controla as instituições do Estado desde a independência, em 1975, e reprime com violência os seus críticos, o ativista diz que chegou a hora de implementar novas ideias políticas no país.
Discursando na apresentação pública da União dos Povos de Angola (U.P.A) esta segunda-feira (15.03), Teka afirmou que o movimento que lidera vai integrar a “Frente Patriótica” – levada a cabo pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Bloco Democrático (BD) e PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivukuvuku.
“Oposição no poder”
O ativista acredita que a presença da U.P.A na plataforma da oposição vai influenciar a juventude e ajudar a “colocar” a oposição no poder. “Queremos chegar ao poder central. Mas, como uma associação, somos impedidos. Não estaremos de fora da frente coletiva que é criado entre os partidos políticos, e juntos, vamos marchar porque acreditamos que a UNITA, o BD e o PRA-JA sozinhos não chegarão lá”, destaca Teka.
Para o presidente da U.P.A, há necessidade de haver uma união entre os angolanospara “combatermos este mal chamado MPLA”.
A organização de Teka é inspirada na União das Populações de Angola – movimento criado pelo nacionalista angolano Holden Roberto em 1958. A U.P.A de Teca foi lançada esta segunda-feira, 15 de março, dia em que se iniciou a guerra anticolonial.
Teka frisou que os ativistas também devem sonhar em conquistar o poder e governar. As leis sobre as eleições autárquicas, diz o presidente da U.P.A, permitem que qualquer angolano concorra às autarquias. Será este o primeiro objetivo da U.P.A, frisa.
A defesa da identidade cultural angolana também está na agenda desta plataforma juvenil. O Panafricanismo é a visão ideológica desta organização que já está representada em dez das dezoito províncias de Angola.
Governo Sombra
Nos próximos tempos, a organização vai apresentar o que chama de “Governo Sombra”, o Governo Revolucionário em Experiência, que terá a missão de monitorar os trabalhos desempenhados pelos governantes indicados pelo Presidente da República. Na primeira fase, estará em funcionamento nos departamentos ministeriais dos setores fundamentais como são a Educação, Saúde e Habitação, disse Pedrowski Teka à DW África.
“Será um processo, a U.P.A não é um livro fechado, construímos a U.P.A e tudo isso são ideias que temos para poder implementar, mas a questão aqui é mesmo fazer atuações políticas e cívicas”, explica.
O ato de lançamento da U.P.A, cuja vice-presidente é a ativista Rosa Mendes, foi testemunhado por figuras da classe política e da sociedade civil.
Para o político Américo Vaz, que esteve no evento, a sociedade civil deve ocupar o seu espaço para participar na vida pública.
“Precisamos hoje, que a sociedade assuma de fato, o compromisso que tem. Ela é parte do processo de democratização deste país e temos muitas realidades. Hoje as democracias em África – quando falamos do Senegal, do Uganda, do Quénia e da África do Sul – são frutos da participação efetiva da sociedade civil”, defende Américo Vaz.