A contestação interna ao PCA da Endiama José Manuel Augusto Ganga Júnior tem vindo a acentuar-se em meios da empresa, sobretudo devido a decisões da administração entendidas como de protecção de interesses patrimoniais pessoais e de grupo, em prejuízo da empresa e dos trabalhadores em geral.
Segundo o Boletim África Monitor, o foco de particular contestação interna é a constituição, por despacho do PCA da Endiama, do grupo técnico de gestão do projecto de Luaxe, Lunda Sul, apontado por fontes do sector como o principal kimberlito a entrar em exploração no país nos próximos anos.
Estimativas internas da Endiama, com base em sondagens geológicas, apontam para um potencial de produção superior a 300 milhões de quilates.
Estimativas de produção anual em fase de “cruzeiro” apontam para entre 7-8 milhões de quilates. A produção total da ENDIAMA em 2019 foi de 9,1 milhões de quilates.
A concessão dos direitos mineiros do Luaxe foi feita em Julho passado, através de um decreto presidencial.
Para liderar a gestão do projecto, Ganga Júnior nomeou Pedro Inácio Azevedo de Velasco Galeano, DG da Endiama Mining, acumulando com a direcção de 6 outros projectos mineiros (Calonda, Lunhinga, Sangamina, Txinbongo, Cansaguidi e Uari).
Pedro Galeano é apontado internamente como homem de maior confiança de Ganga Júnior e por quem passa a contratação de serviços externos para a Endiama, nomeadamente de maquinaria.
O grupo técnico do Luaxe inclui ainda Rómulo Mucase, António Duarte e Tinta Manuel Vunda, este segundo o África Monitor, familiar de Laureano Paulo, administrador da Endiama. O grupo terá a seu cargo a condução de estudos técnicos e económico-financeiros para desenvolvimento do projecto mineiro.
De acordo com a fonte, a proximidade de todos os nomeados em relação ao PCA, e o facto de entre eles não haver quadros da Endiama das províncias do Leste do país motivaram, conforme apurado, diligências de responsáveis da empresa junto da Presidência da República.
O facto de Ganga Júnior e outros membros do grupo técnico de gestão do projecto de Luaxe terem em comum origens directas ou remotas na província de Malanje (“malanjinos”) acentua a percepção a nível interno de que a empresa está sob controlo de um “lobby”, com comprovada capacidade de influência política, incluindo junto do PR.
Em meios da empresa, é ainda questionado o volume de adjudicações da ENDIAMA a uma empresa de equipamentos mineiros, Transorga (Angola) Limitada, fornecedora de maquinaria pesada de fabrico alemão e automóveis, controlada pela Transorga Holding.
De acordo com fontes da empresa, a relação do PCA da Endiama com a Transorga data do tempo em que este era DG da Sociedade Mineira da Catoca. A relação de Ganga Jr. com os sócios da empresa já terá sido objecto de suspeitas no passado, devido ao elevado volume de adjudicações, directamente e por montantes considerados acima dos valores de mercado (equipamento e sondagens), de acordo com as mesmas fontes.