A polícia reprimiu com violência jovens que queriam protestar no Dia da Independência de Angola, em Luanda. Os agentes usaram gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. Há relatos de uma morte e vários feridos.
O Dia da Independência de Angola está a ser marcado por confrontos entre a polícia e pessoas que saíram às ruas de Luanda para exigir melhores condições de vida e que seja marcada uma data para as primeiras eleições autárquicas no país.
A polícia reprimiu os manifestantes usando canhões de água e disparando granadas de gás lacrimogéneo.
Uma pessoa terá morrido no protesto. Segundo o Novo Jornal, trata-se de um jovem que foi baleado na cabeça. Há também relatos de vários feridos. O ativista Nito Alves é uma das vítimas. O jovem, um dos integrantes do conhecido grupo de revolucionários 15+2, terá sido agredido por vários polícias e ficou inconsciente, sendo depois levado para o hospital numa ambulância. Neste momento, o seu estado de saúde inspira cuidados.
A polícia deteve vários manifestantes em diversos pontos que dão acesso ao centro da cidade. Entre os detidos está o ativista Luaty Beirão, que foi abordado por dois agentes quando transmitia em direto pelo Facebook a caminhada para um dos protestos em Luanda.
Até agora, a corporação não confirmou as detenções. Afirmou apenas que estavam em curso em Luanda atos de intimidação, vandalismo, desordem e queima de pneus, escreve a agência de notícias Lusa. A polícia também não confirmou a morte do manifestante, segundo o Novo Jornal.
“Situação de terror”
À agência Lusa, o ativista Dito Dali, um dos organizadores do protesto, denunciou “uma situação de terror que estamos a viver aqui, um verdadeiro estado político, que este regime institucionalizou neste país, que não permite que as pessoas se manifestem livremente face ao descontentamento.”
O ativista contesta ainda as afirmações das forças de segurança: “Sempre nos acusaram de desordem, de queimas de pneus, o que não é verdade, sabemos que a polícia tem estado a infiltrar agentes nas manifestações para criar desordem e distúrbio, para depois imputar responsabilidades aos manifestantes”.
O correspondente da agência noticiosa Reuters em Angola disse à Lusa que foi agredido por polícias e que viu o seu material de trabalho destruído.
“Estava identificado, mostrei o meu passe, levantei as mãos, mesmo assim eles partiram para agressão, quase partiam a câmara e detiveram-me por alguns minutos”, disse Lee Bogotá, que ficou com marcas no corpo devido às agressões.
A manifestação acontece no dia em que Angola assinala 45 anos de independência. O Governo Provincial de Luanda proibiu a realização deste protesto, evocando motivos como o incumprimento do Decreto Presidencial sobre o estado de calamidade pública, que impede ajuntamentos de mais de cinco pessoas nas ruas.
(em atualização)