Salvador Freire, da associação Mãos Livres, diz que não se podia esperar uma classificação melhor
O Índice de Percepção da Corrupção de 2020, divulgado nesta quinta-feira, 28, pela Transparência Internacional (TI), revela que Angola continua no grupo dos países com maior percepção da corrupção, mas à frente de Moçambique e Guiné-Bissau.
O país ficou na 142a. posição, com 27 pontos, em 100, cinco mais do que em 2012, mas sem grandes alterações na realidade.
Na edição de 2019, Angola tinha sido referida como tendo registado “melhorias significativas” na cruzada contra a corrupção.
O responsável da organização Mãos Livres, Salvador Freire, disse que o país não podia esperar por uma classificação melhor a julgar pela forma como o combate à corrupção está a ser conduzido.
Com uma pontuação média de 32, a África Subsaariana é a região com nota mais negativa na avaliação da TI que mostra pouca melhoria e ressalta a necessidade de acção urgente.
A avaliação do ano 2020 mostra um quadro sombrio, sublinhando que enquanto a maioria dos países fez pouco ou nenhum progresso no combate à corrupção em quase uma década, mais de dois terços dos países pontuam abaixo de 50.
A crise da Covid-19 exacerbou o declínio democrático, com alguns governos explorando a pandemia para suspender parlamentos, renunciar à responsabilidade pública e incitar à violência contra dissidentes.
A organização recomenda, no seu relatório, que para combater a Covid-19 e conter a corrupção, é essencial que os países garantam que os recursos cheguem aos mais necessitados e não sejam sujeitos a roubo através da corrupção e defende que as autoridades anticorrupção e instituições de supervisão devem ter fundos, recursos e independência suficientes par desempenhar as suas funções.
A TI refere que para “defender o espaço cívico, grupos da sociedade civil e a mídia devem ter as condições que lhes permitam manter governos responsáveis, e que a publicação de dados desagregados sobre gastos bem como a distribuição de recursos é particularmente relevante em situações de emergência, para garantir justa e equitativa respostas políticas.
“Os governos também devem garantir que as pessoas recebam de forma fácil, acessível, oportuna e significativa informações, assegurando o seu direito de acesso em formação”, precisa a TI.
A organização mostra ainda que a corrupção não prejudica apenas o cenário global da resposta à pandemia, mas contribui para uma contínua crise da democracia minando um justo e equitativo esforço de resposta global.