Nos últimos dias, tem sido aventada a possibilidade de um regresso do político Abel Chivukuvuku à CASA-CE, coligação política de que é co-fundador, mas foi afastado há dois anos por divergências internas com os seus correligionários
Com a saída consumada de André Mendes de Carvalho “Miau”, da liderança da CASA- CE, a pedido de quatro dos seis partidos políticos, que integram a coligação, as veredas parecem estar abertas para o regresso “triunfal” de Chivukuvuku.
Miau deixou oficialmente a liderança da coligação na Sexta-feira, 5, e em conferência de imprensa disse ter sido vítima de conspiração pelos líderes dos partidos que integram a CASA-CE.
Xavier Jaime, um dos principais colaboradores e confidentes de Chivukuvuku, ouvido ontem pelo O PAÍS sobre o regresso de Chivukuvuku, disse que tudo que tem circulado sobre esse assunto não passa de especulações, porque nenhum dos quatro partidos políticos subscritores da carta se pronunciou publicamente até agora.
“É possível que eles tenham essa vontade de querê-lo de volta, o que é natural, mas o resto caberá ao doutor Abel Chivukuvuku fazer um pronunciamento sobre isso. Ele tem vindo a enfrentar tudo o que está acontecer com serenidade”, disse Xavier Jaime.
Os quatro partidos políticos que forçaram a saída de André Mendes de Carvalho, da liderança da CASA-CE, por alegada falta de competência. Afirmam ter já alguém na mira para o substituir, mas não revelaram se se trata de Abel Chivukuvuku ou não.
Xavier Jaime considera como um facto político surpreendente tudo o que está agora acontecer na coligação, fundada por Abel Chivukuvu, em Abril de 2012, da qual foi expulso compulsivamente em 2019 por alegada “quebra de confiança” política. “Hoje em dia eles chamam o ex-líder de incompetente. Para mim, o almirante André Mendes de Carvalho pode ser tudo, menos incompetente, isso porque os propósitos que o levaram a integrar a CASA-CE já foram competentemente conseguidos”, acrescentou.
Entretanto, fontes ligadas à CASA-CE confidenciaram a O PAÍS que quatro dos seis partidos que formam a coligação são a favor do regresso de Abel Chivukukuvu, mas os restantes se opõem. São os casos do PDP-ANA, de Simão Makazu, e do PADDA, este último liderado por Alexandre Sebastião André.
Segundo as fontes deste jornal, Alexandre Sebastião é citado como sendo um dos oponentes. Um eventual regresso deverá merecer uma negociação aturada para uma nova coabitação que se quer pacífica, tendo em conta as nuances por trás do afastamento do antigo líder da CASA-CE.
Aquando da expulsão de Abel Chivukuvuku, Alexandre Sebastião André negou que tivesse sido ele o mentor da saída do antigo coordenador do Colégio Presidencial, contrariando as informações que davam conta disso. Dentre os partidos que constituem a coligação, apenas o Bloco Democrático (BD) votou contra a saída deste na época, partido hoje apontado como o futuro “poiso” de Abel.
Contactado por este jornal, para ouvir a sua versão sobre o seu eventual regresso, Abel Chivukuvuku não atendeu as chamadas e nem respondeu as mensagens que lhe foram encaminhadas.
Legalização do PRA-JA
No que respeita à legalização do PRA-JA Servir Angola, novo projecto político de Abel Chivukuvuku, Xavier Jaime referiu que o seu litígio com o Tribunal Constitucional vai continuar, por entenderem que aquele órgão não tem nenhuma razão de direito que possa explicar a sua atitude contra a legalização do PRA-JA.
Em conferência de imprensa realizada esta semana, para dar a conhecer o ponto de situação do processo, Abel Chivukuvuku voltou afirmar que vai participar das eleições gerais de 2022, de qualquer forma.
Avançou que tem conversado com vários partidos políticos que o têm solicitado e está a fazer as suas avaliações. “Posso confirmar que o PRA-JA hoje é como se fosse a menina bonita do bairro, todos os rapazes querem a menina. A menina é que tem que ter juízo para não ir com o primeiro que aparecer”, disse Chivukuvuku, citado por Xavier Jaime.