Uma vez mais o presidente da república discursou, falou muito e nada de concreto trouxe para os angolanos. certamente o PR Joãos Lourenço, entrou na curva descendente do inacreditável, ninguém mais acredita no que ele diz, tão pouco se acredita em Angola no que MPLA afirma.
Calculadamente, o presidente da república, saiu da sua zona de conforto, e numa produção muito mal conseguida, sem pudor algum e um pouco a maneira hollywoodiana, ensaiou uma saída, que veio a resultar tremendamente mal sucedida.
Toda revisão constitucional tem por obrigação a concertação social, para ganhar a solidariedade dos parceiros sociais, do cidadão e das instituições, também é importantíssimo consultar as oposições, antes de qualquer apresentação pública. O PR pôde fazer o que fez? Sim pode fazê-lo, mas, como se viu, ficou com a reputação bastante arranhada e ficou igualmente com o selo de intolerante e autoritário cravado na sua já debilitada imagem. Por outro lado, o conselho de ministros também não é o lugar ideal para anunciar emendas ou revisões constitucionais, que no fundo dizem respeito a todos Angolanos.
É de firme convicção que essa revisão constitucional vem no sentido das exigências que toda sociedade vem fazendo há muitos anos, agora, ou essa intenção de revisão a constituição vem em sentido contrário em defesa dos interesses do MPLA e da manutenção do poder. Senão vejamos, o presidente da república sem saída, finge fazer uma revisão a constituição, mas deixa de fora o fundamental, que é a revisão da lei eleitoral e a revisão da CNE. É na lei eleitoral e na CNE que mora o pior dos perigos, se não se rever a lei eleitoral, o MPLA fica no poder eternamente.
Essa atitude do titular do poder executivo, mostra que o presidente da república continua a governar apenas e só para o seu MPLA. O angolano sabe que hoje o MPLA de João Lourenço, é uma fração minoritária do todo que é o MPLA, e também a mais fraca em termos de potencial político eleitoral.
Foi de facto penoso e não passou despercebido o frenesim verificado no linguajar do PR, que sem uma saída política louvável, veio conspirar contra si mesmo. A tentativa de engendrar um golpe publicitário mostrando vontade de visitar tardiamente a constituição, e proceder a uma revisão, é um significante grito de socorro. Todo aparato mostrado no conselho de ministro, visou apenas confundir alguns incautos cidadãos e ganhar algum tempo. O MPLA para permanecer no poder, precisa do que não tem, tempo.
Os que pensaram que o anunciado seria um acto corajoso de João Lourenço, podem desfazer o pensamento e tirar o cavalinho da chuva, a atitude de João Lourenço foi na verdade um acto de desespero, uma vez mais, o MPLA e João Lourenço, tentaram dar uma rasteira nos angolanos. É claro que o PR e seu partido precisam de alguma aprovação da sociedade, que em definitivo se afastou de João Lourenço. O MPLA não consegue mais com a mesma facilidade de antigamente, realizar mais uma fraude eleitoral, assim sendo, ele precisa de tempo e de um tempo que incida com o proposito de atrasar não só as eleições autárquicas como também as gerais e assim permanecer incólume na cidade alta.
Foi interessante ouvir o magnifico reitor da universidade do atraso, falar sobre estado de direito democrático, será mesmo necessário que a sociedade no seu todo se predisponha a aceitar receber aulas de democracia de alguém, com provas dadas de haver desrespeitado a lei e a constituição! Ora, insinuar que todos estão errados em relação a leitura que se fez do ocorrido em Kafunfu, é no mínimo um contrassenso, sobretudo, quando não há o contraditório, nem mesmo espaço a comunicação paga com o dinheiro de todos angolanos, oportunizou espaços para que as oposições esgrimissem os seus argumentos.
A verdade como sempre está do lado do verdugo, no caso o MPLA, isso é irritante, o povo não concorda com leituras demagógicas, o partido MPLA parece que veio de marte, usa o senhor ordens superiores para ordenar assassinatos e roubos ao erário público nacional, e a conclusão dos actos é sempre a mesma, os culpados são sempre os outros, sobretudo o Abel Chivukuvuku e o líder da UNITA ACJ.
Outro erro enorme foi ouvir da boca de um dos piores actores políticos do país, aqui refiro-me ao presidente do MPLA e não ao presidente da república, que apesar de respeitá-lo como PR, nenhuma simpatia e/ou admiração nutro por ele, acentuo aqui esse pormenor, porque o MPLA, sempre pensou o seu presidente é um dos símbolos da republica, debalde, isso é uma tremenda heresia política.
Após insinuar que o presidente da UNITA Adalberto da Costa Júnior, era estrangeiro, o presidente do MPLA vem dar o dito pelo não dito. E ainda tem o horrível descaramento de afirmar que todos estão a pensar erradamente e a confundir as coisas, mas ficou-se por aí, sem mais nada acrescentar, como se estivesse a falar para uma manada de bois e vacas.
Para piorar, e fechar com chaves de ouro, o PR veio com charme feudal, afirmar que os policias que estão na base dos assassinatos no Kafunfu, mais tarde ou mais cedo responderão na justiça. Como assim responderão na justiça! Mas então o comandante da polícia Paulo de Almeida, não disse a quem quisesse ouvi-lo, que não haveria inquérito nenhum?
O comandante dos assassinos de Kafunfu teceu rasgados elogios aos seus comandados em Kafunfu, e ainda fez demonstrações de força, ameaçando usar misseis intercontinentais para dissuadir outro qualquer sonhado ataque contra a sua polícia assassina! Isso é próprio de um regime intolerante parecido com um estado de polícia. Se conselho fosse bom, não se dava vendia-se, mas ainda assim, aconselho o presidente João Lourenço a não esticar demais a corda, não brinquem com a inteligência nem ponham a prova a paciência do povo.
Só para saber, quem afinal anunciou a revisão constitucional? O presidente da república ou o presidente do MPLA? Para os mais atentos observadores, João Lourenço, tentou passar uma mensagem cheia de nada, além do mais, a forma como o fez, foi um anuncio absolutamente insustentável que caiu no vazio. A verdade é que foi um anuncio forçado e demonstrou que o PR governa apenas para o seu séquito de seguidores, que funcionam como gado. Essa maneira não cidadã do PR se comunicar com a sociedade além de torpe, é um insulto à inteligência dos angolanos.
Isso para sequer falar da forma inadequada de acusar os mortos de tentar no Kafunfu atacar com armas uma esquadra da polícia do MPLA. Sabe-se que esse enredo foi ensaiado ao pormenor, e visou apenas ganhar tempo, porque o MPLA encontra-se encurralado no seu próprio modus operandi. Como se diz na gíria, no mundo do boxe, João Lourenço foi colocado nas cordas pelas oposições e a sociedade civil inteligente e o povo em geral. Basta ler um pouco do discurso para perceber-se que o MPLA se esfarelou, e como tal, precisa e quer ganhar mais tempo.
É preciso que o PR e o MPLA entendam, que os tempos são outros, todos mudaram e todos pensam diferente do que pensa a caduca direção do partido que preside. E por assim ser, faz-se necessário e urgente dar resposta cabal e alterar essa maneira abusiva de tratar os angolanos. Não obriguem a sociedade política oposicionista a realizar manifestações de caráter político, porque se assim for, as ruas não vão ser ocupadas por centenas de pessoas, imaginem o cenário, isso significaria o fim do totalitarismo imposto pelo MPLA. Seja civilizado presidente do MPLA, e nas vestes de presidente da república, governe para todos.
Raúl Diniz