O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição, reuniu-se com a cúpula de dirigentes da organização política, para refletir sobre as eleições de 2022 e o estado da democracia no país.
Segundo uma nota distribuída hoje, Adalberto Costa Júnior abordou, com os altos dirigentes da formação política, questões da vida interna do partido, “assim como das incidências dos interesses da comunidade internacional sobre os vários domínios da vida do país”.
No “encontro de reflexão” estiveram presentes, o ex-presidente do partido, Isaías Samakuva, e dirigentes que disputaram com Adalberto da Costa Júnior a liderança da UNITA, em 2019, como Alcides Sakala, o segundo candidato mais votado e o general Abilio Kamalata Numa, que ficou em terceiro lugar na corrida.
A reunião da cúpula da UNITA acontece numa altura em que Adalberto da Costa enfrenta um processo de destituição no Tribunal Constitucional devido a supostas irregularidades.
De acordo com o documento divulgado pela UNITA, os dirigentes deram destaque “às diferentes variantes do grande desafio da construção do Estado de direito democrático, tendo em conta a realidade vigente, marcada por retrocessos preocupantes, e o processo eleitoral de 2022”.
Nos últimos dias, e à medida que se aproximam as eleições, a tensão entre a UNITA e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido do poder, tem aumentado com frequentes trocas de acusações.
No início de agosto, o MPLA reagiu ao anúncio de uma “Ampla Frente Patriótica para a Alternância”, que integra, entre outros políticos, Adalberto da Costa Júnior, afirmando que o lugar do presidente da UNITA está por um fio e considerando que as forças da oposição revelam “falta de sentido de Estado e de respeito para com as instituições democráticas”.
Na terça-feira, o partido do “Galo Negro” acusou o MPLA de “subverter a lei visando perpetuar-se no poder”, reiterando a legalidade da eleição do seu líder, Adalberto Costa Júnior.
O Tribunal Constitucional (TC) recebeu em maio uma impugnação, de um alegado grupo de membros da UNITA, que contesta a atual liderança, aponta supostas irregularidades registadas no congresso, nomeadamente que Adalberto Costa Júnior teria concorrido à liderança sem renunciar à nacionalidade portuguesa.
Segundo a imprensa angolana, o Ministério Público deu entrada, no início de agosto, junto do TC com uma impugnação do congresso que elegeu o atual líder.
Para esbater a polémica sobre a nacionalidade do seu líder, o secretariado executivo do comité permanente da comissão política da UNITA reagiu, logo em maio, dizendo que Costa Júnior “renunciou e perdeu a nacionalidade portuguesa adquirida” como aferem os “processos examinados” pelo Tribunal Constitucional angolano.