Os professores do ensino superior público em Angola retomaram as aulas na terça-feira, 5, ao cabo de três meses de suspensão, mas o braco-de-ferro continua com o Governo sobre o reajuste dos ordenados para a classe. Sindicato da classe suspende greve por 30 dias à espera de um novo posicionamento do Governo.
O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior de Angola (SINPES) disse, à VOA, que a decisão visa dar a oportunidade à entidade patronal para trabalhar sobre a contraproposta salarial aprovada assembleia geral e ressaltou que a retoma das aulas também constitui um gesto de solidariedade para com os estudantes.
Perez Alberto adverte, entretanto, que a greve poderá ser retomada se nos próximos 30 dias o Governo não aceitar a nova proposta salarial.
“Na assembleia rejeitamos também a proposta do Presidente da República de um aumento salarial de 6% e aprovamos uma nova proposta que vai de 2,6 milhões de kwanzas (5,800 dólares) para o professor catedrático a 1,5 milhões de kwanzas (3.300 dólares) para o professor assistente estagiário”, afirma o líder sindical.
O também professor da Universidade pública, João Lukombo Nzatuzola considera que o Estado tem condições para pagar bem à classe e rejeitou as acusações segundo as quais os professores pretendem usar a greve para fins políticos.
“É o cúmulo da desonestidade, não temos seguro de saúde e morremos como baratas ou formigas”, diz Lukombo para quem com o salário que recebe “o professor universitário angolano do ensino público não tem sequer condições materiais para escrever um livro, fazer pesquisa ou fazer parte de conferência académica internacional ou regional, mas eles têm dinheiro para quatro a cinco gerações, que tirem daquilo que desviaram para nos pagar”, afirma Nzatuzola.
Além do aumento salarial, os professores do ensino superior público exigem também melhores condições laborais, pagamento da dívida pública e eleições dos corpos diretivos nas unidades orgânicas da Universidade Agostinho.
Eles também acusam o Governo de “incumprimento” do memorando de entendimento assinado em novembro de 2021.
O Minstério do Ensino Superior não reagiu ainda à nova proposta do SINPES.