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Angola: “Qual é a posição do Presidente perante os acontecimentos de Cafunfo” – Lourenço António

Os últimos dias tem sido muito férteis em acontecimentos. Com o mês de Janeiro a despedir-se surgiu uma bomba, o massacre de manifestantes em Cafunfo.

O assunto é gravíssimo, além de violar o direito à vida, põe em causa o direito de reunião e manifestação. Não é só. Ao dispararem e matar manifestantes também contraria a orientação do Presidente da República, o titular do poder executivo, João Lourenço que no encontro com as chefias militares disse que a polícia têm a obrigação de proteger os manifestantes.

Nesse encontro estavam vários auxiliares do titular do poder executivo, sendo o ministro do interior um destes que esteve na fila de frente. O comandante geral da polícia também esteve nesse encontro.

Portanto, disparar a matar manifestantes como se verificou na vila de Cafunfu no dia 30 de Janeiro não foi apenas violação à Constituição da República, como também foi desobediência ao Comandante-chefe.

Perante tamanha barbárie, porque na verdade nada justificaria aquela acção sanguinária e para que o chefe de estado não se zangue, Paulo de Almeida, o mesmo do tristemente célebre combate de três horas no monte Sumi na Caala-Huambo, foi às pressas ao Cafunfu e como “defensor” da soberania tratou de dar outro nome à manifestação, que passou a ser rebelião armada.

Nos vídeos que circulam nas redes sociais vêem -se pessoas desarmadas a serem atacadas nas ruas pelas forças de ordem e segurança. Mas a polícia, certamente, por orientação directa do homem da operação Monte Sumi, apresentou armas automáticas atribuídas aos manifestantes.

Sem abertura a qualquer inquérito independente, como devia ser sempre que a situação exija transparência e isenção, fizeram sair um comunicado e os dois principais responsáveis, isto é, o ministro do interior e o Comandante geral da polícia alinharam-se no mesmo diapasão e com uma linguagem inapropriada para os tempos atuais posicionaram-se como se fossem eles os únicos detentores da verdade.

Proferiram ameaça de toda a ordem, deixando a opinião pública preocupada e assustada. Os dois responsáveis nem se dignaram assumir uma atitude de penitência perante as mortes e o tratamento cruel dado aos mortos e feridos. A banalização da vida humana passou a ser comportamento padrão dos policiais angolanos.

Outro facto que se seguiu a tudo isso foi a retenção dos Deputados que na ânsia de apurar o que na verdade ocorreu na vila diamantífera, deslocaram-se de Luanda numa delegação que integra activistas cívicos, como Laura Macedo e Domingos Cardoso.

Os cincos Deputados munidos das suas imunidades de poderem circular em liberdade, foram travados e impedidos de entrar na localidade, por agentes policiais que diziam estarem a cumprir ordens superiores. Vejam até onde chegamos. O que se esconde com esse gênero de acção?

Já ouvimos muita gente a falar. Tudo alinhado na condenação dos manifestantes e nenhum dos órgãos de comunicação social públicos e tutelados pelo Estado ousou ouvir o outro lado da verdade. O famoso contraditório não foi chamado para a maior credibilidade das notícias. Posições firmes foram tomados pelos partidos da oposição e por líderes religiosos que condenaram os acontecimentos que resultaram na morte de pessoas cujo verdadeiro número está desencontrado com as autoridades a referirem-se em seis e fontes locais em mais de uma dezena.

E qual é a posição do Presidente da República?

É crível que com essa exposição de Angola por piores motivos, Laborinho e Paulo de Almeida deixaram de ser guardiões da boa imagem da República de Angola.

 

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