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Angola: Quando um PR se depara com a própria incompetência

Duas histórias, curtas, dão boas-vindas ao texto dedicado a João Lourenço. Aos sinais de incompetência do PR, melhor dizendo.

Certo dia, já lá vão vários anos, cheguei a casa a chorar e todo sujo. A minha mãe, naturalmente, procurou saber o que se passava e eu respondi que a culpa era do meu amigo chamado Evaristo Luís da Silva, vulgo ‘Tio’, que me tinha sujado com areia.

“Meu filho, nunca mais atribuas culpas a terceiros, isso é sinónimo de incompetência e mau carácter”.

Ainda hoje, vejo nas palavras da minha mãe um aprendizado, tal como, já em relação à segunda história, o que um dia ouvi de Divaldo Martins, então comandante da Polícia na província da Huila. Numa das nossas várias conversas sobre as “malambas” da vida, disse-me o seguinte: “Mariano, a dado momento das nossas vidas, nos deparamos com a nossa própria incompetência”.

Lançada a ementa, digo que, nos últimos tempos, João Lourenço, o Presidente de todos os angolanos, está a ser confrontado com sinais da sua própria incompetência. Algo bastante preocupante para um país na órbita reformista. Por algum motivo, lá está a razão das minhas histórias, atribui culpas a terceiros, quando os erros são seus. Tão simples quanto isso.

Falhas na governação, se calhar sem surpresa para quem o conhece, são uma grande decepção para a maioria dos angolanos, para o eleitorado.

Acho que começou a falhar logo na escolha da sua equipa, com elementos ajustados à estratégia de combate a JES e sua família, encabeçada pelo chefe da secreta, Fernando Garcia Miala.

Este pode ser um dos mais crassos erros tácticos de JLO, sem argumentos válidos para “corrigir o que está mal e melhorar o que está bom”.

A forma como alegadamente tenta recuperar a riqueza do país em mãos erradas mostra claramente que é dominado por um sentimento de vingança, raiva ou mesmo inveja. Assim, não consegue obter resultados positivos e, por conseguinte, não resolve os problemas do povo.

No propalado combate à corrupção, o governo de JLO parece ter preferências, o tal combate selectivo. Se também fez parte do sistema que falhou, como o mesmo já admitiu, o PR deve, ao invés do ódio ou vingança, apostar na paz, na negociação.

Não quero imaginar o que seria dos nossos irmãos da UNITA se em 2002, o marco da paz e da reconciliação nacional, JLO fosse já o PR. Mas são conjecturas, legítimas em função do momento, pelo que prefiro, no tocante a factos, falar do caso do PRA-JA de Abel Chivukuvuku, chumbado pelo Tribunal Constitucional.

Não tenhamos dúvidas, nem pensemos na treta da separação de poderes, foi mesmo uma estratégia política, alimentada pelas limitações do PR.

Alimentada, portanto, pela insegurança, descrédito e conflito interno no MPLA, partido que não quer Abel no xadrez político nacional, ainda que os tabuleiros peçam um “animal” com o seu potencial.

Diferente de JES, que derrotava os seus adversários na batota das urnas, JLO sabe que não se pode dar ao luxo de esticar a corda, ou não estivesse ele de costas viradas com a maioria dos estrategas das urnas.

As críticas à UNITA pela postura dos manifestantes, quando, recordamos a analogia, o PR esteve que nem o Mariano Bras/ garoto, foi a gota de água, um cenário para esquecer devido a infundadas acusações de apelo à “desobediência”.

Que país o senhor governa!?

Será que o PR não vê que a sua governação é um desastre? Será que o PR não vê que o povo passa fome? Será que o PR não vê que começamos a atingir o nível limite da miséria por causa da sua má governação?

Acredite, senhor Presidente, não existe incentivo maior do que um homem que não tem nada a perder e sem nada para dar aos seus filhos!

Acredite, senhor Presidente, a UNITA, diferente da vossa geração, pode apoiar na logística, mas não é capaz de levar jovens da minha geração a actos como dos dias 24 de Outubro e 11 de Novembro. A nossa revolta é mesmo por falta de comida, emprego e habitação.

Talvez reste aconselhar o Presidente angolano a reler o discurso nacionalista de Donald Trump, em sede da ONU, em que aconselha os líderes mundiais ao afirmar que “Se você quer liberdade, mantenha sua soberania e, se quiser paz, ame sua nação”.

E acrescenta vincando que “o futuro não pertence aos globalistas, o futuro pertence aos patriotas, pertence a nações soberanas e independentes.”

Caso para dizer, feito esse recurso a Trump, que antes mesmo de pretender agradar ao FMI, a chineses, russos ou à media internacional, o Presidente deve agradar aos angolanos.
João Lourenço pode até não ser uma má pessoa, mas por não aceitar que andará perante a sua própria incompetência.

Texto do O CRIME ( Mariano Brás )

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