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Angola: Queda na “produção de petróleo e falhanço do PIIM” prolongam recessão

CEIC indica recessão de 2% na economia angolana, que continua estagnada há 12 anos. Relatório aponta que queda na produção diária de petróleo e falhanço do PIIM estariam a contribuir para o desempenho negativo.

A população do segundo maior produtor de petróleo de África está cada vez mais pobre e caminha para o sexto ano consecutivo de recessão economia. Esta é a conclusão do Relatório Económico 2019-2020 do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, apresentado nesta terça-feira (31.08) em Luanda.

O CEIC previa que, contrapondo-se à redução da produção do petróleo, o Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) pudesse contribuir para o crescimento da economia. Entretanto, dois anos após o lançamento do PIIM, pelo Presidente da República João Lourenço, os indicadores atuais demonstram claramente que a economia angolana continua em “queda livre”.

Os dados do modelo macroeconómico do CEIC preveem recessão na ordem dos 2%. A queda na produção diária de petróleo e o falhanço do PIIM estariam a contribuir para este desempenho negativo.

“O PIIM poderia dar uma nova dinâmica especialmente nos setores das obras públicas e na indústria transformadora no que diz respeito a produção de cimento, mas não estamos a ver sinais claros de que o PIIM vai contribuir para o setor económico – apesar dos montantes que o Governo disponibilizou do Fundo Soberano de Angola para investir no PIIM”, avalia Francisco Paulo, investigador sénior do CEIC.

Estagnação de 12 anos

O coordenador da equipa do CEIC, o economista Manuel Alves da Rocha, sublinha que os ciclos económicos revelam que a economia angolana encontra-se estagnada há 12 anos.

“Esta crise económica é desde 2009, não é de agora. Não é de 2014, com a queda [do preço do petróleo]. Nós não fomos capazes de conciliar políticas e colocar-se num país de uma trajetória dinâmica. Nós, desde 2009, estamos a assistir a uma desaceleração estrutural das dinâmicas de investimentos em Angola”, diz Alves da Rocha.

Wilson Chimoco, economista e investigador do CEIC, diz que pouco ou nada tem sido feito em nível de crescimento económico “muito mais robusto e fora do setor petrolífero, que crie mais riqueza, crie mais emprego e reduza os níveis de desigualdades que pais vem assistindo”.

Em entrevista ao semanário Novo Jornal, a ministra das Finanças, Vera Daves, disse: “Se o setor petrolífero se movimentar contra nós, toda a economia entra em stress.  O tema da diversificação económica é fundamental para nos ajudar na sustentabilidade da dívida”.

Pouca ampliação industrial 

Francisco Paulo lembra que “o setor não petrolífero está numa situação critica” e que poucas indústrias foram construídas tendo como atenção a matéria-prima local. “Para produzir refrigerante toda polpa é importada. Isso é mau, isso aumenta o nível da pobreza porque, se as nossas previsões se concretizarem, 2021 será o sexto ano de recessão económica. É muito tempo de não crescimento económico”, alerta.

Segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana, Angola enfrenta as consequências da redução na produção e descida dos preços do petróleo e o impacto das medidas de combate à pandemia da covid-19. A sustentabilidade da dívida externa é outra dor de cabeça.

O economista Wilson Chimoco sugere uma renegociação da dívida pública externa, fundamentalmente com a China, o principal credor. “Além de ver-se a possibilidade do alongamento dos prazos, ver-se também a negociação das taxas de juros aplicados a essas dividas de modo que – num espaço fiscal mais considerável, nos orçamentos Geral do Estado dos próximos anos –o Estado possa realizar despesas consistentes”, diz

 

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