Casos de desnutrição na maior prisão da província angolana de Benguela, com uma população penal superior a 1.500 reclusos, são associados a um cenário de crise alimentar sem paralelo nos últimos anos, revelaram à VOA, nesta quinta-feira, 10, agentes prisionais ali colocados. Teor de uma carta de reclusos entregue a activistas é confirmado por efectivos do estabelecimento.
A fome na conhecida cadeia do Cavaco, arredores da cidade capital, vai ser, aliás, reivindicada numa manifestação que está a ser preparada por jovens da Rede de Activistas, em posse de uma exposição sobre a situação de detidos e condenados.
Agendada para sábado, 12, a manifestação, que também vai exigir a libertação de presos políticos, tem suporte numa carta escrita por reclusos, que será entregue ao Governo de Benguela.
O activista António Pongote, um dos organizadores, falou à VOA das pretensões de quem se encontra no Cavaco.
“Estamos a lançar o grito de socorro, é mesmo a fome, mas também falta higiene. Não têm a oportunidade de serem ouvidos, por isso escreveram o documento para nós gritarmos pelo fim da violação dos seus direitos”, diz Pongote.
A escassez, segundo dois agentes prisionais que pediram o anonimato, tem reflexos na qualidade da alimentação, associada a casos de mal nutrição visíveis entre reclusos, à imagem do que acontece na cadeia do Lobito.
Abordado pela VOA, o director provincial dos Serviços Prisionais, Manuel Soma, pede que os activistas visitem o estabelecimento e questiona o conteúdo da carta em referência.
Outro ponto da manifestação tem que ver com o que os promotores chamam de prisões por questões políticas
“É para exigirmos liberdade para os presos políticos, temos constatado violações todos os santos dias, as pessoas são presas por capricho de quem governa. Por isso mesmo não podemos consentir isso, essa marginalização”, justifica o activista Ant]onio Pongote.
Luther Campos e José Julino Kalupeteca são, segundo a mesma fonte, dois dos vários presos políticos que estão a ser seguidos pela Rede de Activistas.