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Angola: Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros regista em um mês mais de “150 mil queimadas”

Registou-se em um mês 150.777 queimadas, numa ordem diária de 1.983 fogos por dia, segundo dados apresentados hoje pelo Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros

A referência foi hoje expressa pelo comandante nacional adjunto para a Gestão da Proteção Civil e Bombeiros, comissário-bombeiro Manuel Lutango, quando discursava no seminário técnico de preparação de um projeto sobre Gestão Sustentável de Fogos, promovido pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente (MCTA) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Manuel Lutango disse que os dados provenientes dos serviços de monitorização de queimadas e incêndios florestais referem-se ao período entre 15 de maio e 15 de agosto.

Segundo o responsável, o sistema de monitorização de queimadas (AFIS) instalado no centro de coordenação operacional do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros dedica-se à monitorização de queimadas e incêndios florestais, cuja teledeteção ocorre em tempo quase real, em função do intervalo de tempo de varredura dos satélites na região, que ocorre de 15 a 30 minutos.

Os dados indicam que estão incluídos nas potenciais queimadas alguns incêndios florestais de pequenas proporções, que ocorrem sobretudo em zonas distantes do alcance das forças de bombeiros e de difícil acesso para as ações de certificação ‘in loco’ e a sua extinção, acabando por se autoextinguirem.

“Com vista a mitigar as insuficiências, devemos implementar e intensificar as ações locais e comunitárias, com a adoção de práticas e técnicas adequadas à caça, produção de carvão e preparação de campos agrícolas”, disse Manuel Lutango.

O Serviço de Proteção Civil e Bombeiros angolano integra o Programa Continental de Monitoramento do Meio Ambiente e Segurança em África (MESA), coordenado pela União Africana e com financiamento da União Europeia.

Por sua vez, a representante da FAO, Gherda Barreto, manifestou a disponibilidade total da organização das Nações Unidas para fazer o acompanhamento técnico aos desafios ambientais e climáticos do país, com vista ao desenvolvimento sustentável de Angola.

“A FAO é uma agência acreditada neste Fundo Verde do Clima para projetos de um tamanho médio, até de 250 milhões de dólares (214,7 milhões de euros)”, disse Gherda Barreto, salientando que este fundo é o maior instrumento para o financiamento de projetos de mitigação e adaptação às alterações climáticas.

De acordo com Gherda Barreto, a FAO tem um portfólio de 15 projetos aprovados pelo Fundo Verde do Clima, dos quais três são em África, totalizando um valor de 930 milhões de dólares (798,7 milhões de euros).

O comunicado de imprensa sublinha que os resultados desse encontro técnico, que termina na quinta-feira, serão parte de um projeto a ser apresentado ao conselho diretivo do Fundo Verde do Clima em abril de 2022 para financiamento.

Esta iniciativa está enquadrada na Estratégia Nacional de Alterações Climáticas até 2030 e visa apoiar na gestão sustentável de fogos, que é uma prática recorrente no país, com impactos significativos na população, nos ecossistemas e na biodiversidade.

A elaboração deste projeto contribuirá para o alcance das metas de mitigação e adaptação definidas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas de Angola, no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

Neste sentido, o país pretende contar com o apoio do Fundo Verde do Clima, o maior fundo internacional para o financiamento de projetos de redução de emissões e adaptação às alterações climáticas.

A facilitação do evento terá o apoio da equipa técnica dos especialistas da FAO e da rede de cientistas da Iniciativa Internacional de Gestão de Fogos de Savana (ISFMI).

Em 2019, dados do satélite MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) lançado pela NASA – agência espacial norte-americana – apontava que Angola liderava a lista de países com o maior número de incêndios florestais, ultrapassando a República Democrática do Congo e o Brasil.

Na altura, o Governo de Angola reagiu admitindo a existência de queimadas que acontecem em certa época do ano, em várias regiões do país, com fim agrícola, prática “secular” que configura a preparação das terras para o cultivo, contudo “longe de assumir proporções incontroláveis”.

As autoridades angolanas sublinharam na altura, que esta prática dos camponeses acontece com o aproximar da estação das chuvas e “apesar de não ser a mais aconselhável, é usual, secular”.

 

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