A Sonangol pretende retirar o universo de empresas de Isabel dos Santos da estrutura accionista da portuguesa Galp Energia. O caso está em discussão no tribunal arbitral holandês. A decisão final deverá ocorrer em maio. A notícia foi avançada pela agência de informação Reuters.
De acordo com o Expresso, a Sonangol tem uma participação na Galp através de uma parceria com a família Amorim, a Amorim Energia, dona de 33,33% da petrolífera portuguesa. Ora, a posição da Sonangol na Amorim Energia não é direta: é feita através da Esperaza Holding. A petrolífera angolana tem 60% da Esperaza e os restantes 40% do capital estão nas mãos da Exem, detida pelo falecido Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos. E esta última distribuição que a petrolífera estatal angolana pretende alterar na justiça holandesa.
Na argumentação da Sonangol, a venda de parte da participação indireta da Esperaza na Galp à Exem – feita na presidência de José Eduardo dos Santos, pai da empresária, – não fez sentido em termos de racional de negócio. À Reuters, Emmanuel Gaillard, do escritório de advogados Shearman & Sterling, afirmou que tudo foi feito por “corrupção”, apontando para branqueamento de capitais e apropriação indevida.
Esta participação – em torno de 6% do capital social da Galp – valerá, aos preços atuais, cerca de 500 milhões de euros.
Os representantes da Exem não fizeram comentários à Reuters. Isabel dos Santos tem defendido que não tem qualquer conexão com a Exem.
A Sonangol e a Exem acordaram ir para tribunal arbitral para dirimir o conflito, sendo que o caso já, em setembro, levou a Exem a ficar sem um representante no conselho de administração na Esperaza e a sua participação ficou congelada, por decisão das autoridades holandesas.
Este é um novo capítulo na luta de Angola pela recuperação de fundos que o governo de João Lourenço acreditar terem sido desviados durante a presidência do seu antecessor. A família de José Eduardo dos Santos tem sido um dos alvos nessa busca.
