Segundo o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano, o processo corre os seus trâmites, depois da decisão tomada pelo banco central angolano, salientando que foi já feita a comunicação que lhe competia à Procuradoria-Geral da República.

Questionado se poderão outros bancos seguir o mesmo destino do BKI, José de Lima Massano respondeu que não é algo que estejam a perseguir.

“Queremos o nosso sistema financeiro estável e é para isso que lutamos todos os dias, ficamos também tristes quando temos que tomar estas decisões, mas a estabilidade do sistema financeiro está acima de tudo isso”, salientou.

Este mês, o banco central angolano revogou a licença do BKI por insuficiência de fundos próprios regulamentares, avisando os clientes da instituição que terão até 31 do mês em curso para fazer levantamentos e transferir os seus saldos.

O anúncio da revogação aconteceu dias depois de o BKI ter realizado uma assembleia-geral para concretizar a dissolução da sociedade e nomear uma comissão liquidatária.

Os requisitos de fundos próprios são uma das condições para a continuidade da atividade bancária.

A dissolução do BKI, cujo principal acionista é o empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos Morais, já estava prevista desde o ano passado.

O BKI, ligado a Jean-Claude Bastos de Morais e ao ex-presidente do Fundo Soberano de Angola, José Filomeno dos Santos (“Zenu”), registou perdas líquidas na ordem de 515 milhões de kwanzas (790 mil euros), no exercício económico de 2019, segundo um relatório de contas auditado da empresa, citado pela agência noticiosa angolana, Angop.

O empresário Jean-Claude Bastos de Morais, presidente e fundador do grupo Quantum, que geria o Fundo Soberano de Angola, era sócio de “Zenu” dos Santos, filho do antigo Presidente da República José Eduardo dos Santos, e esteve em prisão preventiva cerca de seis meses, acusado dos crimes de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção e participação económica em negócios, no âmbito de uma investigação à gestão do fundo.

“Zenu” dos Santos, e outros três arguidos, foi condenado, em agosto de 2019, por crimes de burla e defraudação, peculato e tráfico de influências, a cinco anos de prisão devido ao seu envolvimento num outro processo, que ficou conhecido como o caso dos “500 milhões de dólares”, mas recorreu da sentença e aguarda decisão em liberdade.