As informações foram prestadas hoje durante a apresentação do relatório sobre a evolução do mercado cambial, pelo Banco Nacional de Angola (BNA), onde foi dado destaque aos fatores que contribuíram para a estabilidade, incluindo as medidas adotados pelo banco central desde 2017 e a evolução dos preços do petróleo.

Em 2020, o kwanza manteve uma trajetória de depreciação face ao dólar até novembro, altura em que estabilizou, mantendo esta estabilidade até à data.

Em dezembro de 2020, o kwanza fechou nos 656,224 face ao dólar e 805,117 face ao euro, o que corresponde a uma desvalorização anual de 26,52% e 32,83%, respetivamente, com a taxa de câmbio real efetiva a aproximar-se dos 2,3% no final de 2020.

“Caminhamos, ou já estamos, na taxa de equilíbrio, disse a diretora do Departamento do Mercado de Ativos, Tânia Mendes, estimando que a tendência se irá manter e prosseguir no sentido de uma apreciação da taxa da moeda.

Hoje o kwanza estava a negociar a uma taxa média de 624,595 face ao dólar e 751,919 face ao euro.

Joel Futi , diretor do Gabinete de Estatísticas confirmou a perspetiva de estabilização da moeda angolana até ao momento, considerando que não há grandes motivos de alarme ou receios de grande depreciação.

“O mercado é volátil, mas até hoje os fatores que influenciam a taxa de câmbio estão favoráveis”, disse o especialista, apontando entre estes a evolução do preço do petróleo, com tendência de aumento (64 dólares/barril na sexta-feira).

“Caso não ocorram surpresas, vamos manter essa estabilidade”, vincou.

Além disso, o início da vacinação massiva contra a covid-19 em muitos países, deve levar ao levantamento das restrições impostas devido à pandemia, refletindo-se no aumento da procura pelo petróleo, estabilização dos preços e aumento das receitas provenientes da exportação.

O documento apresentado pelo BNA destacou também que a implementação de plataforma de negociação de divisas FXGO permitiu ao banco central reduzir significativamente a sua participação no mercado cambial e contribuiu para a determinação de uma taxa de câmbio muito representativa do mercado.

As Reservas Internacionais Brutas fecharam o ano de 2020 com uma cobertura das importações de 12,2 meses contra 9,3 meses no final de 2019.

As Reservas Internacionais Líquidas fecharam o ano acima do mínimo estabelecido ao abrigo do programa do Fundo Monetário Internacional, de 8,09 mil milhões de dólares norte-americanos (6,70 mil milhões de euros).

As medidas implementadas pelo BNA (liberalização da taxa de câmbio, eliminação dos contratos administrativos e limitação da intervenção no mercado cambial apenas para corrigir volatilidade ou movimentos anormais das taxas) contribuíram para a estabilidade do mercado cambial, não obstante a queda acentuada do preço do petróleo e consequentemente das exportações, na ordem dos 40%.

Devido à redução das importações registou-se ainda assim um saldo positivo na conta corrente de 1,7 mil milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) o que representa 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

A redução das importações resulta, segundo o relatório do BNA, do esforço do executivo para aumentar a produção local, bem como da ocorrência da pandemia de covid-19 que provocou um abrandamento da atividade económica e da procura de bens e serviços, com destaque para o combustível, cujo valor foi reduzido em mais de mil milhões de dólares (829 milhões de euros).