Um ativista denunciou hoje que uma pessoa foi baleada durante a madrugada de hoje em Cafunfo, a vila mineira onde no passado sábado várias pessoas morreram num incidente caracterizado como “ato de rebelião” pelas autoridades e “massacre” pelas ONG
De acordo com Jordan Muacabinza, morador em Cafunfo, o incidente aconteceu no bairro Elevação e o jovem terá sido baleado num pé.
“Houve muitos disparos como se fosse um confronto entre as forças do Governo e os inimigos”, contou, deixando um apelo ao Presidente da República, João Lourenço, para que intervenha no sentido de “apaziguar” a população.
Pediu ainda uma comissão de inquérito para investigar o caso.
“Aqui não estão a permitir aos ativistas e defensores dos direitos humanos exercerem livremente o direito de investigar estes casos”, declarou Jordan Muacabinza, que disse estar a ser ameaçado de morte.
Os jornalistas da Lusa, que se encontram no local, ouviram também os disparos por volta das 03:30.
A Lusa contactou os responsáveis do Ministério do Interior, que remeteram esclarecimentos para mais tarde.
No sábado passado, várias pessoas morreram e outras ficaram feridas durante um incidente em Cafunfo, envolvendo a polícia e as Forças Armadas Angolanas (FAA).
As autoridades policiais contabilizaram seis mortos e acusam o Movimento do Protetorado da Lunda Tchokwe (MPLT) de instigar a rebelião, alegando que as mortes ocorreram durante uma tentativa de invasão da esquadra.
No entanto, moradores e ativistas, bem como elementos do MPLT, afirmam que a polícia disparou contra manifestantes que estavam desarmados, com o balanço do número de mortes a variar entre seis e 25.
ONG internacionais, bispos católicos de Angola e a oposição angolana condenaram o que dizem ser “um massacre” e pedem ao Governo que investigue a ação policial.