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Angola: Tomás Bica acusado de ordenar jovens do MPLA destruir mural de homenagem de activistas

Na manhã deste sábado, 02 de Janeiro de 2021, um grupo de jovens, supostamente ligado ao MPLA, decidiu destruir o mural com óleo queimado, principalmente o retrato do Inocêncio de Matos, estudante da Universidade Agostinho Neto, morto em plena manifestação do dia 11 de Novembro de 2020, pela Cidadania, pelo fim do elevado custo de vida e pelas autarquias sem rodeios em 2021. 

O acto de vandalização do mural, cujas imagens destruídas com óleo queimado, destacam-se José Patrocínio morto em 2019, Carbono Casimiro em 2019 e Inocêncio Matos em 2020, tem alegadamente como o principal responsável o actual administrador do Cazenga, Tomas Bica que terá escolhido o espaço para receber “bênção tradicional” dos sobas do município.

Segundo dados, esta é a segunda vez que o retrato de Inocêncio Matos é destruído por “intolerantes” afectos ao MPLA, sendo que a primeira vez, foi no bairro dos Ossos, município do Cazenga, onde um cidadão decidiu, por iniciativa própria, grafitar o retrato no muro da sua casa antes do enterro que levou cerca de 15 dias, tendo sido vítima de ameaças antes de destruírem a imagem.

No ano de 2011, refere-se, membros da Universidade Hip hop , haviam grafitado as imagens de Agostinho Neto e de Jonas Savimbi, embora que, um ano depois, militantes da JMPLA decidiram apagar o retrato de Jonas Savimbi, alegando que tinham um evento no espaço e que não faria sentido manter àquele desenho no mural.

Na sequência, os artistas terão decidido substituir a imagem de Agostinho Neto, por imagens de figuras com destaque na luta pela democratização de Angola.

“Vale no entanto lembrar que, a Universidade Hip hop, foi fundada um dia antes do início da primeira manifestação que visava pôr em causa a longevidade do ditador José Eduardo dos Santos”, revelam activistas cívicos.

Nesse sentido, o espaço da organização foi paralisado pelas autoridades, na sequência da Lei 11/11, sendo surpreendente que depois desse tempo todo, os jovens voltem a ser, conforme alegam, alvos de perseguição quando a única coisa que fazem é expressar por intermédio da arte.

“A liberdade de expressão é um direito indiscutível. Os artistas tornam o espaço público um lugar melhor para se viver e estar, aliás, o espaço em questão só ganha vida com as suas actividades”, observam.

Salientam também que, as atitudes do género, levam nos outros lugares do mundo à manifestação por conquistas de espaço público, considerado como aquele espaço que, dentro do território urbano tradicional (especialmente nas cidades capitalistas, onde a presença do privado é predominante), sendo de uso comum e posse colectiva, pertence ao poder público.

“Militantes do MPLA destruiram o mural de homenagem dos angolanos destacados em termos de cidadania. Comportamento semelhante, aconteceu no mesmo local quando militantes da JMPLA decidiram, no ano 2014, apagar a imagem de Jonas Savimbi que estava grafitado no mural antes destas pela cidadania”, denunciam.

O mural em causa, encontra-se localizado na Mulemba Waxa Ngola, vulgo Tecnocarro, entre os municípios de Cacuaco e Sambizanga, e, de autoria da Universidade Hip hop.

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