O secretário de Estado angolano dos Petróleos e Gás defendeu hoje que a transição energética deve “ser harmonizada” com a exploração de petróleo e gás, acrescentando que cria igualmente oportunidades de negócio para as empresas locais de prestação de serviços.
José Barroso que falava em Luanda na abertura da 2.ª Conferência de Tecnologia e Serviços de Petróleo e Gás de Angola (AOTC), promovida pela Associação de Empresas Prestadoras de Serviços da Indústria Petrolífera Angolana (AECIPA) assegurou que a transição energética “é uma preocupação de Angola”, país que privilegia a produção e consumo de energia proveniente de fontes renováveis, em particular barragens hidroelétricas.
Para o secretário de Estado, as empresas de prestação de serviços “poderão jogar um papel fundamental, desenvolvendo e trazendo para o mercado nacional, equipamentos e tecnologia de última geração que garantam operações petrolíferas mais eficientes e com menos emissões de gases com efeitos de estufa” e que ajudem a atenuar os efeitos do declínio acentuado de produção.
Por outro lado, a transição energética deve servir também para que empresas tecnológicas internacionais criem `joint ventures` com parceiros nacionais “de modo a acompanharem e beneficiarem das oportunidades de negócio que deverão surgir em torno da cadeia de valor” desta indústria, desde o `upstream` (exploração, perfuração e produção) ao `downstream` (transporte, distribuição e comercialização).
José Barros abordou também o tema da incorporação do conteúdo local no setor petrolífero, apontando a lista recentemente publicada com os requisitos que habilitam as sociedades comerciais e em particular as de direito angolano para prestação de serviço à indústria petrolífera em Angola.
“Estão lançadas as bases para que os empresários nacionais possam concorrer e participar nos concursos de fornecimento de materiais e equipamentos, bens e serviços em função dos regimes definidos na legislação sobre o conteúdo local”, afirmou, indicando que estão registadas em Angola 232 empresas de conteúdo local que podem garantir mais de 16 mil postos de trabalho, principalmente para quadros e técnicos angolanos.
Aludiu ainda aos efeitos da pandemia sobre o setor que foi forçado a tomar medidas severas de restrição, incluindo limitação da mobilidade, o que levou grande parte das empresas a trabalhar “em condições de dificuldades extremas e com recursos limitados”, tendo a perfuração parado por completo entre março e abril de 2020.
Ainda assim, realçou a atitude positiva da indústria, em particular os prestadores de serviço “que mostraram adaptabilidade, compreensão, mas sobretudo resiliência”.
Angola é o terceiro maior produtor africano de petróleo e depende fortemente das receitas geradas pela exportação desta matéria-prima.