Os acontecimentos atuais em terra do “em Deus nós podemos” “EUA” tem marcado grandemente a percepção e interpretação daquilo que é o modelo democrático adotado no mundo. Democracia entendida como sistema de governo exercido pelo povo e para o povo.
O que parecia ser desenrolar de um processo ordeiro, modelo e sereno se está a transformar em um caos sem precedente, o que nos leva a questionar a veracidade e consistência da democracia Norte Americana (pese embora, recentemente o supostamente lesado admitiu a saída no poder), quando estudada o funcionamento e atuação das elites (que são os verdadeiros dono do poder). De salientar que “as democracias conhecem graus de efetividades , atendendo ao preenchimento, maior ou menor , dos traços que a definem” (Sousa 200).
Inúmeros autores em todo mundo já pregara o fim da democracia e consequentemente a predominância de certas elites em detrimento das outras, elencando certos pressupostos que perigavam a mesma. Outros, portanto, como o caso de Raymund Aron (apud Bessa (2002) defendiam que “A elite política está formada por fracções que se opõem. Isso se passa com as elites econômicas, com as elites ideológicas e com as elites políticas, que se batem competitivamente no terreno. Ou seka a divisão da elite, que buscam superar a outra numa competitividade legal, pacifica e conhecida. Onde as regras do jogo que presidem nesta arena são amplamente conhecidas e as exceções às raras (golpes de Estado, rebeliões, pronunciamentos) não impedem que as regras sejam uma referencia.
Murray Rothbard (2012) um dos mais radicais autor sobre a decadência da democracia nos deixou uma celebre afirmação de “que “nós” não somos o estado; o governo não somos “nós”. O estado não “representa” de nenhuma forma concreta a maioria das pessoas”. O autor prossegue com o seu radicalismo indagando, se, então, o estado não somos “nós”, se ele não é a “família humana” se reunindo para decidir sobre os problemas mútuos, se ele não é uma reunião fraterna ou clube social, o que é afinal? O autor salienta que, o Estado é a organização social que visa a manter o monopólio do uso da força e da violência em uma determinada área territorial; especificamente, é a única organização da sociedade que obtém a sua receita não pela contribuição voluntária ou pelo pagamento de serviços fornecidos, mas sim por meio da coerção.
Portanto, mediante as abordagens destes dois autores podemos verificar os contraste que nos levam a olhar este momento de incerteza, caos e “queda de véu” se assim podemos considerar, entre as lutas elitistas na maior Democracia do mundo, com mais objectividade; questionar o modo operand, livrando-nos da mera encenação fantasiada, onde as liberdades individuais (direito opinião, ao voto, à manifestação entres outros) funcionam como um dos itens desta fantástica encenação em busca da legitimidade de uma maioria ou minoria lesada.
Precisamos mudar a nossa forma de olhar os acontecimentos, descrevendo a realidade com como ela é percebida, independentemente da subjectividades e caprichos das mídias, que sabemos verdadeiramente que desde muito cedo atuava sempre de forma injusta nesta história (combatendo o Trump de todos os modos possíveis). Vejamos por exemplo, o que outrora era impensável, reclamações (pós-eleitorais) que é maioritariamente marcante em África, Ásia, Europa do Leste e alguns país Sul americanos (fraude eleitoral) se instalou acentuadamente naquele que é o modelo da democracia no mundo (não que noutrora não existia, mas deste jeito nunca!).
Perceber o mundo real, saber observar, pensar, e não se deixar enganar é fundamental para que os cidadãos de todo mundo, se sintam um verdadeiro cidadão. Robert Dalh (2001) indagando-se por que a democracia, apresenta as seguintes características que ao seu entender são consequências desejáveis:
- 1. Evita a tirania
- 2. Direitos essenciais
- 3. Liberdade geral
- 4. Auto-determinação
- 5. Autonomia moral
- 6. Desenvolvimento humano
- 7. Proteção dos interesses pessoais essenciais
- 8. Igualdade politica
Além disso, as democracias modernas apresentam:
- 9. A busca pela paz
- 10. A prosperidade
Paralelamente, as observações, comparações, sistematizações e explicações dos fatos e acontecimentos políticos atuais demostram um sentido oposto, o que deve merecer a nossa atenção de forma lúcida, precisa e concisa, porque estes itens valorativos descritos como pressupostos democráticos sem a sua praticidade, podem se repercutir em todo mundo, e em particular Angola, que tem a sua eleição marcada para 2022, onde como já sabemos, é marcada por uma onda muito grande de descontentamento quanto ao modo de governação do partido no poder.
Finalmente, precisamos olhar a problemática norte americana de modo auto evidente, e perceber que as repercussões saída dela, afetaram direita ou indiretamente nossas vidas, queremos ou não.
Adriano Sumbo (on facebook) Politólogo/estudante de Filosofia. (ISCED).
10.01.2021.