Na província do Namibe, a UNITA – o maior partido da oposição angolana – relata preocupação com as constantes ameaças feitas aos ativistas cívicos e com as restrições políticas que afetam os seus membros.
Numa altura em quem se aproximam as eleições gerais de agosto em Angola, os partidos políticos da oposição denunciam várias restrições na província do Namibe. Américo Wongo, secretário provincial da UNITA na localidade, lamenta constragimentos pelos quais seus membros passaram.
Segundo ele, no país prevalece o “cartão de militância, e não o bilhete de identidade”. “Temos ainda uma província onde, quando se pede um encontro, ou uma audiência, ainda se pergunta ao cidadão de qual grupo ele é, à qual família política ele [pertence]”, desabafa.
O secretário provincial da UNITA lamenta ainda as constantes perseguições e intimidações que tem vivido, segundo ele, levadas a cabo por pessoas que geralmente o fazem em veículos que não podem ser identificados. “Os que estão a seguir-me, estão a fazê-lo para cuidar ou para me fazer mal?”, questiona.
Clima de intimidação
O membro do maior partido da oposição em Angola diz ainda que continua o clima de intimidação nos municípios de Virei, Camucuio, Bibala e que isso “pode atrasar o desenvolvimento que queremos”, explica.
“Existem aqueles não podem pronunciar-se a favor da oposição”, desabafa.
Muitos ativistas cívicos queixam-se também de constantes perseguições e ameaças. Pedro de Sousa é um deles e diz que existem ameaças todos os dias. Conta que muitos dos seus colegas já foram detidos mais de cinco vezes, “um até foi condenado a três anos de prisão”, argumenta.
“A secreta faz de tudo para impedir o trabalho”, acusa. Souza disse à DW África que, recentemente, no último domingo, esteva num convívio com alguns amigos quando apareceram homens não identificados da secreta.
Ameaças de morte
Segundo ele, os homens ameaçaram-no, dizendo-lhe que o que ele estava a fazer o levaria à morte, “você pode desaparecer, pode ser morto”, disseram-lhe.
As ameaças, acrescentou Souza, acontecem constantemente e não apenas com ele. ” Há [o caso] do ativista João Mulalu, que foi condenado a três anos pelo ativismo dele”, explicou.
Edson Kamalanga é outro ativista perseguido que fala sobre as perseguições políticas. Já foi detido por terem encontrado em sua casa mosaicos idênticos aos furtados numa escola pública onde trabalha.
“”Se até hoje estamos vivos, devemos dar ‘graças à Deus’, porque as ameaças não param […]. Fiquei na masmorra cerca de 240 dias, por uma coisa praticamente que o tribunal considerou extinta e [depois] fui absolvido”, explica.
“Sabemos que o regime não gosta das pessoas que falam a verdade, pois a verdade é amarga. Mas nós vamos continuar, até que Angola seja igual para todos os angolanos”, concluiu o Kamalanga.