Apesar das dificuldades na frente económica, o FMI mostra manter confiança na capacidade de o país enveredar pelo desenvolvimento. E a ‘limpeza’ da corrupção é um trunfo para João Lourenço.
O ano de 2022 será marcado em Angola pela realização de eleições presidenciais que em princípio irão opor a candidatura do MPLA protagonizada por João Lourenço, atual presidente do país, à da UNITA e restante oposição, liderada por Adalberto da Costa Júnior. A mais de meio ano das eleições – que deverão realizar-se em agosto – ainda não há qualquer formalização, mas há grandes movimentação para que Costa Júnior, presidente da UNITA, assuma uma aposta que a oposição espera vir a ser bem sucedida.
Fonte ligada ao processo disse ao JE que Adalberto da Costa Júnior “é capaz de agregar em seu torno não só o partido que lidera como também os descontentes do MPLA, que são cada vez mais”.
É portanto no MPLA que se joga o futuro das eleições – como aliás tem sucedido desde a independência, em 1975. No seio do mais importante partido angolano João Lourenço tem continuado as purgas que iniciou há cinco anos quando, vindo da ala que apoiava José Eduardo dos Santos – o anterior presidente –, derivou inesperadamente noutra direção que o levou a confrontar-se desde logo com a família dos Santos.
Segundo fontes bem colocadas, o processo de purga ainda não acabou – “é uma coisa em contínuo, como se viu no último congresso do MPLA”, realizado na semana passada. No final, a entourage de João Loureiro assumiu novos poderes e o partido está sob a sua alçada. Sinal desse tempo novo: José Eduardo dos Santos, que continua a ser presidente emérito do MPLA, não só não esteve presente como não constou do conjunto de figuras que foram homenageadas ao longo dos trabalhos. Para a fonte que conversou com o JE, “esse é um sinal preocupante, pois se o partido do poder começa a reescrever a história não sabemos onde vamos parar”.
Mas o ‘apagamento’ de Eduardo dos Santos e dos seus filhos – como se fossem um mau momento a que o MPLA conseguiu sobreviver – tem outra leitura, realça outra fonte: “É um sinal para o exterior, inclusivamente para o FMI, como para provar que o combate à corrupção está a ser bem-sucedido”.