A decisão do antigo secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), Mfuka Muzemba, de deixar a militância na UNITA, não caiu como uma bomba no seio do “galo Negro”. A renúncia, oito anos depois de a direcção o ter expulsado da liderança da JURA, por suspeitar que o antigo dirigente recebeu milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, é considerada “insignificante” pelo maior partido da oposição que “há muitos anos” não o considera seu militante.
O terceiro vice-presidente da Assembleia Nacional pela UNITA, Ernesto Mulato, disse hoje que o abandono da militância do antigo secretário-geral da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), Mfuka Muzemba, é “insignificante e não afecta absolutamente nada a organização”.
“Mfuka Muzemba está fora da actividade do nosso partido há oito anos. Muitos dos seus colegas suspensos voltaram normalmente, mas não foi o caso do Mfuca”, referiu Ernesto Mulato, acrescentando que o ex-deputado à Assembleia Nacional tem a sua vida comercial normal.
“Ele tem um restaurante no Palanca e já convidou o espaço muitos dirigentes da UNITA. Mas, na UNITA, mesmo que saiam 60, 70 ou 80 militantes, isso não afecta o partido”, afirmou, salientando que o “Galo Negro” “já não considerava Mfuca Muzemba como seu militante”.
Ernesto Mulato lembrou que foi a UNITA que impulsionou Mfuca Muzemba na vida política “até chegar onde chegou”.
“Lamentei bastante, quando ouvi ontem a imprensa a dar muita importância a um assunto, que já não é assunto há oito anos. É uma manobra do MPLA”, acusou, reforçando que “a saída de Mfuca Muzemba é insignificante”.
UNITA suspendeu Mfuka por suspeita de corrupção
Em 2013, a direcção da UNITA suspendeu Mfuka Muzemba da liderança da JURA, por suspeita de este ter recebido milhões de dólares e viaturas para travar manifestações contra o antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos.
Depois de oito meses de investigação interna, a comissão jurisdicional do partido concluiu que Mfuka Muzemba resistiu à corrupção, mas acabou por ceder e recebeu três casas de luxo no projecto habitacional “Kilamba”.
Além de várias viaturas, em quantidade não especificada, o líder juvenil terá recebido também dois milhões de dólares, para neutralizar manifestações contra o então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, e colocar em letargia a sua própria organização, segundo a investigação na altura.
Em conferência de imprensa, Mfuka Muzemba, que foi acusado de corrupção activa e passiva, negou todas as acusações.
“Entrei na UNITA por convicção própria, por acreditar no seu projecto e nos seus ideais”, sublinhou Mfuka Muzemba, na altura com 36 anos, durante a apresentação de um documento a que deu o nome de “Renovar a esperança”.
A decisão de Muzemba mereceu, esta quinta-feira, 10, grande destaque na imprensa pública ou na esfera do Estado.
Mfuka Muzemba é o último caso de elementos com ligações à UNITA que rompem, nos últimos meses, com o partido e é, de todos os que foram “expostos” na comunicação social pública ou na esfera pública, o nome mais sonante. “A vida política aconselha-nos proceder balanços, em cada período, e tomarmos decisões que julgamos adequadas ao contexto. O tempo não é de arrependimentos, não é de críticas, nem de ajustar contas. É tempo de renovar esperanças e é tempo de prespectivar o futuro”, acrescentou justificando que “a decisão que tomou torna-lhe livre como um peixe que volta para água”.
Referiu que vai continuar a dedicar-se ao País que “precisa de caminhar, que precisa dos seus filhos que sabem tomar as melhores decisões”.
UNITA desvaloriza decisão de Mfuca Muzemba de deixar militância e lembra que antigo secretário-geral da JURA “está fora da actividade do partido há oito anos”.