A UNITA alertou esta quarta-feira,15, em Luanda, para a desorganização que reina no sector da educação em Angola e diz que o Executivo liderado pelo Presidente João Lourenço não tem mostrado interesse em organizâ-lo.
O maior partido da oposição mostra-se também preocupado pelo facto dos cursos de filosofia, psicologia e pedagogia de todos os Institutos Superiores de Ciências da Educação (ISCED) terem sido encerrados pelo Executivo em todo o País, por alegadamente, não estarem alinhados às necessidades educativas.
Essa posição foi manifestada aos jornalistas pelo ministro da Educação e Ensino Superior do “Governo Sombra” da UNITA, Manuel Correia.
Conforme Manuel Correia, a melhoria no sistema passa pela valorização dos quadros do sector, incentivos salariais, subsídios de cargo, de risco e de isolamento, bem como melhores condições de trabalho, coisa que o Executivo não faz.
O político avançou que o seu partido não concorda com a exigência do Executivo de que para o ingresso nas universidades públicas seja exigida, por decreto, uma média de 14 valores.
“As perguntas que que impõem são: em que se apoiou o Presidente da República para fazer sair tal Decreto? Houve algum estudo prévio (estatístico) para o efeito? Que análise global fizeram os conselheiros do PR sobre a situação da educação no País?”, questiona a UNITA.
A UNITA recorda ainda que, após o Presidente ter feito sair o Decreto onde exigia a média de 14 valores para o ingresso no ensino superior, “a senhora ministra do Ensino Superior Ciência, Tecnologia e Inovação, Maria do Rosário Bragança, passou por cima do Decreto Presidencial com um despacho, considerando que foi superiormente autorizada a redução para 12 valores de média de acesso”.
“Tudo isso revela a grande desorganização que reina no sector da educação e no seio do Executivo angolano”.
Actualmente, prossegue a UNITA, 76 por cento dos licenciados, nos vários domínios do saber, estão desempregados e que os professores do ensino de base ganham, em média, o equivalente a pouco mais da metade do salário dos outros profissionais.
Para a UNITA o Executivo liderado pelo MPLA procura destruir o ensino ao suprimir e encerrar os cursos de matemática, biologia, física e química, alegando falta de laboratórios nas escolas de formação de professores.
“Dessa forma como vamos melhorar a qualidade de educação e ensino no País?”, questiona o partido.
Em Julho último, o Executivo decidiu encerrar os cursos de Filosofia, Psicologia e Pedagogia em todos os Institutos Superiores de Ciências da Educação (ISCED), por não estarem alinhados às necessidades educativas do País.
A informação foi avançada, pelo secretário de Estado do Ensino Superior, Eugénio da Silva, sublinhando que, no próximo ano académico, não vão ingressar novos estudantes para estes cursos.
“Os alunos que se encontram a estudar só poderão terminar depois de uma revisão e adaptação destes cursos para perfis ligados ao ensino primário e educação de infância”, esclareceu Eugénio da Silva à Rádio Nacional de Angola.
Eugénio da Silva disse que estes cursos serão descontinuados porque não qualificam para o exercício de funções docentes no sistema educativo do ensino geral, facto que a UNITA não concorda.