Partidos políticos e associações condenam o excessivo uso de força policial na marcha da UNITA de sábado na província de Benguela. Para o maior partido da oposição, os ataques, que deixaram um morto, foram direcionados.
No último sábado (11.12), o braço de ferro entre a polícia e o maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), durou duas horas. Os efetivos policiais fizeram-se presentes bem armados.
Adriano Abel Sapinãla: “Não temos como dizer que os disparos não foram direcionados”
“A polícia, para a nossa surpresa, nos apareceu com cavalo, cães, bastões, efetivos até de polícia de intervenção rápida, arame farpados… Tudo isso é para quê? Nós estamos numa marcha pacífica”, questionou Adriano Abel Sapinãla, secretário provincial da UNITA na província de Benguela.
Adriano Sapinãla acredita que a violência contra os militantes do seu partido durante a intervenção policial foi propositada.
“Tivemos infelizmente um incidente que resultou da acão da polícia, uma ação completamente musculada que nos causou três feridos. Infelizmente, um dos feridos acabou sucumbindo na madrugada de domingo”, disse.
“Não temos como dizer que os disparos não foram direcionados. A morte [do militante] veio exatamente por conta de uma granada que terá atingido o peito do nosso companheiro Eugenio Pessela”, acrescentou.
Proteção “apenas” ao MPLA
Zeferino Kivingwa, secretário provincial do Bloco Democrático, aponta o dedo acusador à polícia e faz comparações. “A polícia é quem provoca a instabilidade. O que também nos preocupa é o facto de que estamos aqui a assistir insinuações de uma policia partidária, parcial”, critica.
“Como de incrível que pareça, sábado foi a manifestação da UNITA e, no dia seguinte, foi a manifestação do MPLA. Não teve intervenção, não teve proibição. A única intervenção que a polícia fez foi manter a paz e garantir a segurança dos manifestantes do MPLA.”
Indemnizações
João Malavindele, coordenador executivo da Associação Omunga, condena o ato e pede esclarecimentos por parte da polícia, para além da responsabilização civil e criminal dos efetivos.
“Tem que ser responsabilizado criminalmente, responsabilizar também civilmente a instituição de tutela [Ministério do Interior]. Claro que qualquer indemnização não vai trazer a vida de volta, mas precisamos agora de indemnizações milionárias que pesem nos cofres do Estado”, defendeu.
Por seu lado, a polícia angolana abriu um inquérito para apurar as responsabilidades na morte do militante Eugénio Pessela, de 41 anos, de acordo com o comunicado de imprensa do comando da polícia em Benguela.