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As manifestações: Revolta e o Desespero do MPLA

Em primeiro lugar, queremos deixar claro que falamos pura e simplesmente de Angolano para angolanos, reconhecendo, mas deixando inteiramente de lado e atirando para fora todas as distinções separadoras que, desde há muitas dezenas, provocaram acontecimentos infelizes  nesta nossa “pré-nação”. È com esse espírito de servidor que lhe faço este enfoque, e nada mais.

Entretanto, quando começa se tornar mais claro que a causa da nossa pobreza não é simplesmente a crise financeira (baixa do petróleo), mas sim a crise de valores morais daqueles que têm a responsabilidade de navegar e atracar o pais em porto seguro, a população reage porque o barco está prestes a afundar.

E num país desigual e com estado social caótico como o nosso, entramos facilmente num jogo de salve-se quem poder. E perante esta balburdia social e politica, é fundamental que não se instale um ambiente de censura á critica. Porque é com sentido de responsabilidade que se constrói uma nação e não por intermédio de leis/decretos intimidadores que coarctam direitos e liberdades fundamentais.

Assim sendo e independentemente dos abusos a que assistimos nas últimas Manifestações, não devemos nos desviar do essencial. O essencial não é o oportunismo da Unita, como nos fazem crer, nem as exigências legitimas dos Jovens – mas sim o estado e o despertar da Nação. Um Estado mergulhado no caos, onde os eruditos da Velha cultura com espíritos rudes, violentos e arrebatadores, mas, todavia retrogradas que mais uma vez evocam uma fase passada do país para amedrontar, oprimir e desta forma legitimar os “seus” excessos policiais. Esses excessos é um barômetro que serve para provar que a nova orientação popular, contra o qual eles reagem, nunca, para o nossos dirigentes, terá legitimidade para impor uma nova cultura governativa. Configurando-se mesmo numa espécie de reação contra o progresso.

Pois a Velha cultura tem que deixar para trás o seu habito de grandeza, porque a formação histórica obriga-nos a admitir que uma sociedade nunca mais possa voltar a ser a mesma; é preciso uma insuportável estupidez, ou um delírio igualmente intolerável, para negar isso.  A história nos ensinou também que os eruditos da velha cultura sempre tiveram dificuldades em assumir as mortes por eles perpetradas. Foi assim durante a Guerra Civil, com o 27 de Maio 1977, a Guerra de 1992, a Manifestação de 23 de outubro, de 11 de novembro e será assim em outras que virão. Mas uma coisa é certa, a vontade de um povo sempre triunfa, e um regime avisado nunca vai à guerra contra o seu próprio povo.

Aliás, a história relata que nunca um regime autoritário saiu vitorioso da guerra contra o seu próprio povo.

E nesta mescla, entre decretos intimidadores, discursos musculados e apelos anedóticos para que a juventude vá fazer agricultura – mostra-se claramente o desespero, o declínio de um regime insensível e sem uma visão estratégica para o país. É preciso que os eruditos da velha cultura entendam de uma vez por toda, que quanto mais os homens estiverem condicionados, maior será a movimentação interna e em consequência disso a agitação social e politica. O povo despertou do sono profundo e apercebeu que a única vida que se pretende salvar em Angola é o “estilo de vida” dos nossos dirigentes e não a vida do filho do camponês  ou da Zungueira. È aqui onde os eruditos da velha cultura deviam se focar e não procurar bodes expiatório. A velha cultura precisa se reinventar ou morrerá prematuramente, porque o poder saiu da Cidade Alta e agora encontra-se nas ruas.

 António Correia

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