O Presidente da Associação dos Motoqueiros Transportadores de Angola (Amotrang) disse hoje que o protesto de mototaxistas em Luanda, contra restrições à sua circulação na capital, foi motivado por “políticos que pretendiam desestabilizar” a governação da capital.
“Nós acompanhamos e sabemos que havia forças ocultas a tratar com os motoqueiros para saírem à rua, havia políticos envolvidos, forças que queriam criar desestabilização a nível da governação em Luanda”, afirmou Bento Rafael em declarações à Lusa, sem, contudo, especificar.
Segundo o responsável, a manifestação de mototaxistas, realizada ao princípio da noite de quinta-feira, no centro de Luanda, “não se justificava e foi atiçada por pessoas estranhas à atividade de mototáxi”.
“Muitos sabiam que nós estávamos reunidos para encontrar algum consenso e não se justificava aquela manifestação que se realizou ontem. Então, como é que as partes se sentam para encontrar a melhor maneira para se sair de um procedimento e há protestos nas ruas, com resultados tristes, como ferimentos. Foi desnecessária”, frisou.
O Governo Provincial de Luanda (GPL) proibiu a circulação de motociclos em algumas das principais vias da capital com o objetivo de melhorar a circulação e diminuir os acidentes, que totalizaram 768 no primeiro semestre do ano.
Os acidentes provocados por ciclomotores, motociclos, triciclos e quadriciclos resultaram em 134 mortes e 725 feridos, dos quais 368 graves, segundo dados apresentados na terça-feira pelo chefe do departamento de Trânsito e Segurança Rodoviária da Província de Luanda, superintendente Simão Saulo.
Milhares de cidadãos em Luanda recorrem ao mototáxi para chegarem no centro da cidade ou até a zonas mais longínquas da periferia.
A direção da Amotrang, que reuniu na quinta-feira com o GPL, promoveu hoje um encontro com os líderes das principais paragens de mototaxistas, no qual foi analisada a nova medida das autoridades angolanas.
“Conseguimos ouvir os problemas que existem em várias paragens em Luanda e também conseguimos passar a mensagem que devem trabalhar com normalidade. Esta é a mensagem que passamos depois de termos saído também do encontro com o GPL”, referiu Bento Rafael.
“Neste momento voltamos à normalidade e o resto vamos continuar a trabalhar na sensibilização dos nossos mototaxistas para tornarmos a atividade muito mais suave e com menos acidentes, que é o que todos nós pretendemos”, realçou.
De acordo com o líder da Amotrang, os mototaxistas saíram “satisfeitos” do encontro desta sexta-feira, sobretudo devido ao “retorno da atividade em todas as vias de Luanda”.
Os motociclistas deverão seguir à risca a medida das autoridades “quando as vias secundárias e terciárias estiverem tratadas para receber o afluxo de mototaxistas em Luanda”, salientou.
Bento Rafael que, na quinta-feira, lamentou à Lusa o facto de a associação não ter sido consultada pelo GPL, enalteceu hoje o encontro realizado com as autoridades administrativas de Luanda.
“Um dos grandes problemas que lamentávamos é o facto de não termos sido ouvidos como organização que lidera os motoqueiros e ontem (quinta-feira) felizmente fomos chamados para corrigir algumas coisas e estamos a fazer”, rematou o responsável.
A Amotrang, só em Luanda, contabiliza atualmente mais de 20 mil mototaxistas.