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Angola: Associação Mãos Livres condena violência policial contra manifestantes em Angola

O presidente das Mãos Livres, associação angolana de defesa dos direitos humanos, condenou hoje a “violência” policial contra manifestantes, que, no sábado, protestavam por melhores condições de vida, afirmando que em Angola nesse domínio “nada mudou”.

“Condenamos esse tipo de violência policial e pensamos que não vai resultar em solução para os problemas dos cidadãos, os cidadãos estão a reivindicar aquilo que apenas acontece no dia-a-dia relacionado fundamentalmente por empregos porque a fome cada vez mais aperta”, afirmou hoje Salvador Freire, em declarações à Lusa.

De acordo com o também advogado, a repressão policial é sintomática de que “no país nada mudou”, porque não se pode perceber essa carga policial contra cidadãos que pacificamente saíram à rua para se manifestar”.

“É preocupante e deplorável que essas situações continuam a acontecer num Estado democrático e de direito”, lamentou.

Segundo o Governo angolano, a manifestação de Luanda resultou na detenção de 103 pessoas, entre as quais dirigentes da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, que serão presentes hoje em tribunal para julgamento sumário, e seis jornalistas.

“Arruaça e desacato às autoridades” são as acusações que pesam sobre os detidos, conforme anunciou, na noite de domingo, o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA).

“Não entendemos como é que dirigentes de um partido se envolvem numa manifestação que acaba em arruaça e desacato à autoridade, não me parece que seja urbano esse comportamento”, disse Salvador Rodrigues.

O governante angolano afirmou que as autoridades desconhecem ainda “o que é que motivou essas pessoas”, que estão hoje a submetidas a julgamento sumário.

Para o presidente das Mãos Livres, que entende que “não se pode travar o grito da fome”, são legítimas as reivindicações dos cidadãos, sobretudo por se tratar de um país rico em vários recursos.

“Temos um elevado índice de desemprego e a fome continua visível num país que é rico em vários recursos”, apontou.

O julgamento sumário dos cidadãos detidos está marcado para hoje no Tribunal Provincial de Luanda, onde se encontra igualmente Salvador Freire e um colega para assistência jurídica gratuita aos detidos.

“Estou aqui presente no tribunal com os demais colegas para podermos dar assistência jurídica gratuita a essas pessoas porque temos a plena certeza de que vão ser julgados”, notou.

O deputado e secretário provincial da UNITA em Luanda, Nelito Ekuikui, afirmou, no sábado, ter sido agredido pela polícia angolana no decurso da manifestação.

Em declarações à Lusa, Nelito Ekuikui disse não ter havido nenhuma razão que justificasse a agressão e afirma ter sido retido durante cerca de uma hora, acusando as autoridades de “uso excessivo da força” e de estarem a cometer uma ilegalidade.

Dezenas de jovens ativistas e demais atores da sociedade civil estão hoje concentrados junto do Tribunal Provincial de Luanda apelando a “liberdade já” para os detidos.

LUSA

 

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