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Ativistas angolanos denunciam “detenções e feridos” nos protestos de sábado e anunciam nova marcha

Pelo menos nove pessoas ficaram feridas e 17 foram detidas na sequência dos protestos de sábado, em Luanda, contra a subida do preço do combustível, disseram hoje os organizadores, anunciando nova marcha para o dia 26 de julho.

De acordo com Adilson Manuel, porta-voz do denominado movimento social contra o decreto que aprova o reajuste do preço do combustível em Angola e a subida dos transportes coletivos, na marcha de sábado o povo manifestou o seu descontentamento face à medida governamental.

O ativista, que falava em conferência de imprensa de balanço da manifestação de sábado, em Luanda, disse que a organização registou nove feridos, sendo três com lesões graves, e 17 detidos como resultado da “postura autocrática” da polícia nacional.

Adilson Manuel afirmou que as detenções foram arbitrárias e adiantou que 16 pessoas foram soltas no mesmo dia, continuando uma detida, a qual deve ser julgada hoje sumariamente por alegadas ofensas às autoridades.

“O balanço que o movimento faz é positivo e negativo. Positivo, porque fizemos chegar a informação e mostrámos o nosso descontentamento, e negativo porque a polícia vestiu vestes autocráticas e não permitiu que a marcha seguisse o seu destino traçado”, lamentou.

A polícia angolana dispersou no sábado com o lançamento de gás lacrimogéneo a marcha de centenas de cidadãos que protestavam, em Luanda, contra o aumento do preço do combustível e dos transportes coletivos, criticando as autoridades governamentais.

Centenas de cidadãos, entre ativistas, membros da sociedade civil, taxistas, vendedores, estudantes e membros de partidos políticos na oposição juntaram-se à marcha, que partiu do Mercado de São Paulo visando atingir o Largo da Maianga, mas que foi travada pela polícia à entrada do Largo da Independência.

Hoje, no balanço dos protestos, a organização anunciou que os cidadãos vão regressar à rua em manifestação no próximo dia 26 deste mês, mas antes vai remeter ao Presidente angolano, João Loureço, e à ministra das Finanças, Vera Daves, uma petição para a revisão do decreto que ajusta os preços dos combustíveis.

O povo “não suporta e não suportará os encargos devido à subida do preço dos combustíveis e dos serviços de táxi públicos e privados. Isto o povo não quer. O combustível é hoje o barómetro da vida em sociedade, ainda mais em sociedade como a nossa que o nível e o custo de vida são altíssimos”, referiu o ativista.

Adilson Manuel considerou que o desemprego, a fome, a pobreza, a criminalidade e as assimetrias sociais “são hoje problemas que agravam a situação de vida dos cidadãos em Angola”, observando que uma sociedade assim “não vive e nem sobrevive, padece aos poucos”.

Criticou também as medidas políticas e económicas do Governo angolano, que considerou estarem “divorciadas do bem-estar social” e estarem a formar “cemitérios sociais”, ao invés de uma sociedade de futuro.

“Chega, basta, ouçam o povo, enxuguem as lágrimas do povo, revoguem o decreto executivo e melhorem a qualidade de vida do povo com políticas de concordância popular e não com imposições de decretos que legitimam a pobreza, a fome e a exclusão social”, declarou.

O porta-voz do Comando Geral da Polícia de Angola, subcomissário Mateus Rodrigues, disse, no sábado, em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA), que a intervenção da polícia na marcha “visou manter a ordem e tranquilidade públicas, uma vez que os manifestantes não obedeceram ao itinerário”, adiantando que duas pessoas ficaram feridas na sequência dos protestos.

A UNITA (maior partido na oposição) condenou hoje, em comunicado, os atos da polícia contra a integridade física dos manifestantes, e em particular de alguns dos seus deputados, que se juntaram aos protestos, referindo que a marcha resultou em detenções arbitrárias e dezenas de feridos.

Segundo a UNITA, o “regime, ao arrepio da Constituição e da lei, usou da violência e abusou da força policial para reprimir uma manifestação pacífica e sem armas”.

 

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