O Produto Interno Bruto (PIB) de África vai crescer cerca de 4% neste e no próximo ano apesar dos múltiplos desafios, e acima da taxa mundial, de até 3,2%, estima o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
“Apesar de uma confluência de choques múltiplos, o crescimento nas cinco regiões africanas foi positivo em 2022 e as perspetivas para 2023 e 24 deverão ser estáveis”, disse o presidente do BAD, Akinwumi Adesina, no lançamento da primeira edição do relatório bianual Desempenho e Perspetivas Macroeconómicas de África, citado pela agência espanhola de notícias, a Efe.
“O abrandamento da procura global, condições financeiras mais restritivas e perturbações nas cadeias de abastecimento tiveram impactos diferentes nas várias economias africanas”, acrescentou Adesina.
Segundo o relatório, o crescimento médio estimado do PIB em África abrandou para 3,8% em 2022, contra 4,8% em 2021, num contexto marcado pela crise da covid-19 e pela invasão russa da Ucrânia.
No entanto, “as cinco regiões do continente permanecem resistentes e com uma perspetiva estável a médio prazo”, disse a instituição financeira multilateral, com sede em Abidjan, a capital económica da Costa do Marfim.
O BAD espera que as cinco economias com melhor desempenho no continente antes da pandemia registem um crescimento médio em 2023 e 2024 superior a 5,5%, lideradas pelo Ruanda (7,9%), seguido da Costa do Marfim (7,1%), Benim (6,4%), Etiópia (6,0%) e Tanzânia (5,6%).
Outros países também crescerão mais de 5,5% neste período, como a República Democrática do Congo (6,8%), Gâmbia (6,4%), Moçambique (6,5%), Níger (9,6%), Senegal (9,4%) e Togo (6,3%).
Por outro lado, das regiões africanas, foi a África Central que atingiu o crescimento mais rápido no continente em 2022, com 4,7%, em comparação com 3,6% no ano anterior, graças aos “preços favoráveis das mercadorias”.
Por outro lado, a África Austral, que engloba Angola e Moçambique, teve o crescimento mais baixo, 2,5% no ano passado, abrandando face ao crescimento de 4,3% em 2021 devido ao aumento das taxas de juro e às interrupções persistentes devido à profunda crise energética na África do Sul.
Apesar das projeções positivas, o relatório, segundo a Efe, adverte também para riscos como “o aumento dos preços dos alimentos e da energia, o aperto das condições financeiras globais e o aumento associado dos custos do serviço da dívida”, para além da questão transversal das alterações climáticas.
Para enfrentar estes desafios, o BAD apela a medidas tais como ajustamentos “oportunos e agressivos” da política monetária nos países atingidos pela inflação ou o reforço do comércio intra-africano, especialmente no fabrico de produtos, para “proteger as economias dos preços voláteis das matérias-primas”.