O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu hoje reduzir as três principais taxas de juro em 0,5 pontos percentuais, fixando a taxa base nos 19%, a primeira descida desde 2023, acreditando na trajetória de redução da inflação.
O BNA decidiu descer a taxa base de 19,5% para 19%, a taxa de juro de facilidade permanente de cedência de liquidez de 20,5% para 20% e a taxa de juro da facilidade permanente de absorção de liquidez de 17,5% para 17%, anunciou o governador do banco, Manuel Tiago Dias, no final da reunião do Comité de Política Monetária.
“Estas decisões refletem a trajetória de redução da inflação em Angola, em linha com o objetivo de inflação para o ano em curso, não obstante o cenário de incertezas que ainda se observa no plano internacional e as suas implicações nas contas externas do país”, justificou o responsável.
Manuel Tiago Dias realçou que a taxa de inflação mensal desacelerou para 1,09% em agosto de 2025, depois de inflexão observada em julho, em resultado da diminuição da contribuição dos preços da classe de transportes.
A inflação em Angola caiu pelo 13.º mês consecutivo, situando-se em agosto em 18,88% em termos homólogos, correspondente a uma descida de 0,61 pontos percentuais face a julho e de 11,66 pontos percentuais comparativamente ao mesmo mês de 2024, segundo os dados oficiais divulgados na semana passada.
A desaceleração da inflação continua a ser guiada pela redução da inflação dos bens alimentares, em particular na província de Luanda.
O governador do Banco Nacional de Angola disse que “o nível de liquidez adequado à atividade económica, a maior disponibilidade de produtos de amplo consumo e a estabilidade da taxa de câmbio têm sido os fatores determinantes do comportamento da inflação”.
Em declarações aos jornalistas, Manuel Tiago Dias referiu que a redução das taxas do BNA em 0,5 pontos percentuais surge devido à “contínua desaceleração da inflação homóloga” mas que a atividade económica, com o aumento da produção interna, também concorreu a favor da medida.
A atividade económica “também merece alguma atenção e do lado do BNA entendemos que o aumento da produção interna, particularmente de bens de primeira necessidade, tem um impacto na desaceleração do ritmo de crescimento na nossa economia, razão pela qual, uma sinalização na redução nas taxas de juro”.
Porque “o objetivo das medidas que acabamos de tomar visam sinalizar ao mercado a necessidade da redução das taxas de juro que são praticadas e esperamos que isso se venha refletir. Temos plena consciência de que o efeito não é direto, este há de se manifestar, em primeira instância a nível do mercado interbancário, e depois a nível da relação entre os bancos comerciais e os seus clientes, é um processo e gostávamos de sinalizar esse caminho”, disse.
Assegurou ainda que a descida não compromete o objetivo “fixado para o ano de 2025 visa alcançar uma taxa de inflação no final do ano em torno dos 17,5%”.
No domínio monetário, a base monetária em moeda nacional contraiu 0,23% no mês de agosto, levando a contração acumulada e homóloga para 5,36% e 1,42%, respetivamente, enquanto o agregado monetária em moeda nacional, expandiu 1,11%.
O “stock” de crédito à economia, em moeda nacional, atingiu 6,65 biliões de kwanzas (6,1 mil milhões de euros) em agosto, representando uma variação acumulada de 10,51%, ou seja, 632,26 mil milhões de kwanzas (582 milhões de euros) em termos absolutos. Comparativamente ao período homólogo, o crédito à economia concedido em moeda nacional cresceu 29,19%, correspondendo a 1,50 biliões de kwanzas (1,3 mil milhões de euros), assinalou.
O ‘stock’ das reservas internacionais em agosto fixou-se em 15,10 mil milhões de dólares (12,7 mil milhões de euros), o que corresponde a um grau de cobertura de 7,93 meses de importação de bens e serviços.