O conceituado economista Fernando Heitor voltou a manifestar a sua repulsa com a forma como foi afastado do cargo de administrador executivo do Banco de Poupança e Crédito (BPC), que considera não ter sido exonerado, mas sim pontapeado para a rua.
Quando congelou a sua militância na UNITA, Fernando Heitor (FH), que já foi Vice—Ministro das Finanças do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) apoiou o programa eleitoral do MPLA, tendo, depois de eleito, dirigido largos elogios a João Lourenço.
Na sequência disso, este convidou—o a ocupar o cargo de administrador executivo do BPC, no quadro da sua restruturação e recapitalização, mas algum tempo passou e o conselho de administração do banco foi exonerado sem prévio aviso.
“Não sei porque razões fomos exonerados daquela maneira, numa altura em que nas assembleias de accionistas o nosso trabalho foi elogiado”, afirmou o economista, em declarações à Rádio Despertar.
Convidado a explicar as reais motivações do Presidente da República, FH disse que a exoneração foi feita de um dia para o outro. “Perguntem as pessoas que têm o condão de nomear e exonerar que, às vezes, acorda mal—disposto e nomeia e exonera”, indicou, considerando que os quadros nacionais não podem ser tratados desta maneira em toda parte do mundo.
“Para lhe nomear lhe chama, lhe dá mimos, todos carinhos e o considera um Jesus Cristo; de repente, você nem o chama, nem o avisa antes que vai ser exonerado e nem diz o porquê”, relatou, qualificando o procedimento de autoritarismo e anti—democrático.
Ele sublinha que mesmo quadros do MPLA, com ou sem culpa formada, têm sido pontapeados dos cargos executivos. “Vou me insurgir sempre que isso ocorrer, porque nao é assim que se trata os filhos dos outros”, alertou.
E mais, disse, os bancos são muito sensíveis. “Você não pode tirar uma pessoa e mete outra que não traz valências tanto técnica como profissionais; hoje, temos o BPC de patas para o ar”, prosseguiu.
Apoiou programa eleitoral do MPLA, mas…
Ele que diz ter suspendido a sua militância na UNITA, porque as razões objectivas e subjectivas associaram—se e o levaram a tomar tal decisão, apoiou o programa eleitoral do MPLA, em 2017. “Era um programa ambicioso”, enfatizou.
Acrescentou que mesmo depois de um ano de governanção de João Lourenço, uma boa parte dos partidos políticos e alguns criticos radicais, como Makuta Nkondo, fizeram uma valoração positiva.
“Mas hoje, quando pego no programa do MPLA e vejo tudo aquilo, do ponto de vista bem desenhado, sinto—me mais frustrado, porque não vejo quase nada a se materializar”, constatou.
Tanto nas vestes de político e economista como nas vestes de consultor internacional, Fernando Heitor classificou—o, na altura, “um programa simpático e exequível, embora houvesse aqui e acolá promessas exageradas”.
“Ele, João Lourenço, é que sabe o que aconteceu para a partir do segundo ano, tudo começar a ser feito de forma igual ao do tempo do Presidente José Eduardo dos Santos e, nalguns casos, pior”, constatou.
UNITA conta com préstimos de FH
“Quando um filho se afasta da família não significa dizer que saiu da família”, foi desta forma que FH parabolizou a sua relação actual com a UNITA, partido que diz ser muito aberto e onde as as suas opiniões têm sido ouvidas.
“Não sou militante activo, mas posso dar contribuições e, às vezes, tenho dado aos militantes activos e às estruturas activas do partido”, confessou, acrescentando que em nenhum momento abandonou o partido.
“Não sai do partido, porque não fui para lado nenhum, embora me tivessem assediado a fazê—lo. Continuo angolano, membro da família política UNITA”, destacou antes de explicar que o partido não se esgota nos cargos directivos, tem outros níveis de militância no seu seio.