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Brasil: Pacientes denunciam “venda de sangue” em hospitais na província angolana do Bengo

Pacientes no Bengo denunciam a venda ilegal de sangue nas unidades sanitárias da província angolana. Autoridades desencorajam esta prática e pedem denúncias. Jurista apela à PGR a investigar o caso.

Segundo dados avançados à DW África por um profissional de saúde, que pediu o anonimato, uma bolsa de 500 ml de sangue pode custar entre oito mil a 20 mil kwanzas, o equivalente de 10 a 25 euros, nalgumas unidades sanitárias do Bengo.

A paciente Marta Adolfo corroborou a informação à DW África momentos após o seu marido ter adquirido sangue doado para o seu filho. “Quem pagou foi o meu senhor, agora não sei se pagou valor de dez ou de oito mil”, revela.

Um outro esquema indireto de pagamento de sangue consiste no profissional de saúde montar uma equipa de dadores fictícios. No momento de aflição de um paciente, o agente de saúde faz de conta que contactou o doador e tira-lhe o sangue, embora a reserva já esteja disponível.

Dilma Salvador, acompanhante de um paciente, diz que não lhe foi cobrado algum valor pela doação e condena a prática e exige: “Que se mude este tipo de comportamento”.

As pessoas acusam as autoridades de não tomarem uma atitude apesar de terem conhecimento destes esquemas. O sindicalista Sozinho Alfredo explica: “Há reclamações, há rumores. Nós já passamos a sensibilizar a não negociar o sangue, essa área é simplesmente para doar.”

Denúncia

O diretor do gabinete provincial da saúde, Manuel Filipe, apela: “Denuncie mesmo, denuncie aqui no gabinete qual é o hospital que tem este tipo de técnico que faz isso, por que eu não posso duvidar de si, desse comportamento, já existe há muito tempo e alguns fazem isso. Isso é mau, é grave”.

Em entrevista recente à Rádio Ecclesia, Joaquim Tavares, responsável do Banco provincial de sangue, garante que “já foram advertidos várias vezes, já foram chamados a atenção várias vezes”.

“Estás a fazer o teu negócio vai fazendo, mas quando um dia der errado a polícia estará a tua trás. Essas reclamações não são só na rua, até aos meus ouvidos tem chegado e sempre adverti ao técnico: estás cobrar, podes cobrar, a gente não diz que não cobra, mas quando a corda rebentar, você sozinho [sofrerá as consequências]”, diz ainda o diretor Tavares.

Uma fonte ligada ao Serviço de Investigação Criminal avançou à DW África que nunca recebeu qualquer denúncia a propósito. O jurista António Monteiro entende que “a Procuradoria-Geral da República (PGR) deve ser instada a aferir e responsabilizar os seus autores, até por que o programa do Governo angolano visa mesmo corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”.

 

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