O antigo da TV Record Angola, Fernando Teixeira, declarou em tribunal que a Igreja Universal do reino de Deus em Angola (IURD) não é a detentora da televisão brasileira “TV Record Angola”, durante o período em que a estação emitia os seus serviços até ser encerrada pelo governo angolano.
Interrogado na retoma do julgamento na quinta-feira, 9, na 4ª Secção dos Crimes Comuns Tribunal Provincial de Luanda (TPL), o arguido Fernando Teixeira arrolado no processo que acusa os réus de crimes de associação de malfeitores e branqueamento de capitais, disse que a Igreja Universal em Angola, por não ser a dona da TV Record em Angola, o contacto com a estação televisiva “era na qualidade de cliente que solicitava os seus serviços”.
Ao juiz da causa, Tutti António, o ex-director da Record Angola fez saber que, um dos clientes que davam maior percentagem em termos de receitas financeiras era a telefonia móvel UNITEL e o Supermercado SHOPRITE e não a IURD como descreve o Ministério Público na sua acusação.
Fernando Teixeira negou ter usado a TV Record Angola para transferir dinheiro para o exterior do país.
Na sessão desta quinta-feira, os advogados de defesa dos réus pediram ao tribunal que se fizesse presente um representante do Serviço de Migração Estrangeiro (SME) para esclarecer o suposto imbróglio no visto do arguido, Fernando Teixeira.
Segundo o antigo responsável da TV Record Angola, a IURD emitia os seus programas religiosos no período da meia-noite (00h00) às 5h00 da manhã e o contrato era feito trimestralmente, tendo explicado que “nalgumas vezes a igreja falhava com os compromissos, pois não pagava regularmente”.
Durante o interrogatório, o arguido declarou que era sócio da TV Record Angola com 1% de acções, fruto de bônus que terá ganhado na empresa tendo transformado em acções. “Outra accionista é a senhora Fátima Santos, que igualmente faz parte da Record Europa”, revelou.
Questionado se auferia salários, casa e viaturas pela a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, Fernando Teixeira disse que não. “A IURD em Angola dava a TV Record Angola pelo trabalho prestado 12% equivalente a pouco menos 16 milhões de kwanzas”, afirmou.
O Ministério Público entende que a rede Record Angola sempre foi uma produtora de conteúdos e não um canal de televisão, porquanto, segundo a acusação, “o canal de televisão sempre foi a MULTICHOICE”.
Na audiência de retoma do julgamento foi também ouvido o presidente geral da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD) da “ala brasileira”, António Miguel Ferraz, que esteve arrolado no processo.
Em tribunal, o arguido declarou que, no momento em que os supostos crimes foram registados, “os dissidentes” é que dirigiam a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola”.
A sessão de quinta-feira terminou de interrogar o bispo Honorilton Gonçalves, que voltou a reiterar que “desconhece” os crimes cometidos na igreja, uma vez que, na data dos factos não exercia o cargo de líder máximo da IURD em Angola.