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Caso Rabelais: Líderes religiosos entre os beneficiários do GRECIMA, garante analista

O julgamento de Manuel Rabelais continua a decorrer no Tribunal Supremo de Angola. Num dos interrogatórios, o antigo diretor do extinto Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA) insistiu que usava o dinheiro para pagar a jornalistas e influentes políticos no exterior para branquear a imagem do anterior regime.
 
O analista angolano Ilídio Manuel garante, em declarações à DW África, que da lista dos beneficiários constam igualmente líderes religiosos angolanos que terão ajudado a branquear a imagem de Angola e do MPLA fora do país.
 
“Não duvido que nisso também tenham aparecido elementos ligados às distintas igrejas ou confissões religiosas uma vez que faziam determinados pronunciamentos públicos que eram a favor do regime. Tudo aponta que não o faziam sem nenhuma contrapartida financeira”, explica.
 
Ilídio Manuel diz ainda que o dinheiro do “saco azul” da presidência não só servia para “lavar a imagem” como também para “diabolizar” alguns cidadãos críticos à anterior governação. “Houve parte deste dinheiro também para atacar elementos afetos à oposição radical como também jornalistas independentes e sindicalistas”, sublinhou.
 
Arguido poderá ser ilibado?
À DW África o jurista Manuel Pinheiro falou sobre a possibilidade, ou não, de estas pessoas que desempenharam tais funções, a troco de dinheiro público, também serem responsabilizadas. “Essas pessoas também serão ouvidas em processos próprios. Quanto muito o que se pode fazer nesta fase é a extração de certidões”, esclarece.
 
 
Manuel Rabelais disse em tribunal que recebia ordens do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos para as operações e que este pedia-lhe segredo.
 
Questionado sobre se isso significa uma causa de exclusão de ilicitude do réu, ou seja, se o arguido pode ser ilibado das acusações por obediência hierárquica, Manuel Pinheiro responde: “O senhor Manuel Rabelais não terá de arguir que terá cumprido obrigações devidas em sede que terá recebido orientações do senhor Presidente José Eduardo dos Santos, uma vez que José Eduardo dos Santos veio a terreiro dizer que nunca teve confidencias com o réu.”
 
Numa carta enviada ao tribunal, o ex-Presidente José Eduardo dos Santos atribuiu ao então ministro de Estado e chefe da Casa Militar, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, a responsabilidade sobre a forma como foi gerido o Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA).
 
Mas caso se prove que o réu agiu amando do ex-chefe de Estado, Manuel Pinheiro acredita que este não será também arrolado nesse processo. “Uma vez que esse caso já está em julgamento, quanto muito se poderá extrair certidões para depois se instruir outros processos”, conclui.
 
 
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