Vias intransitáveis, inundações, casas alagadas, carros a circular por estradas transformadas em rios foram hoje os principais retratos de Luanda, com a capital angolana a acordar novamente debaixo de chuvas torrenciais, sem registo de mortes no dia de hoje.
Logo pela manhã, as principais vias de acesso ao centro da cidade entupiram-se de carros, com trânsito a intensificar-se sem possibilidade de fazer desvios. Outros luandenses sofreram com as dificuldades em arranjar transporte para ir trabalhar, com muitos a desistirem e a regressar a casa, enquanto outros optaram por ir a pé.
Noutros pontos, como na estrada de Kimbango para o Golf 2, a circulação estava ainda mais complicada devido a uma ponte que colapsou com a força das enxurradas.
A vila de Viana, na periferia de Luanda, foi das mais afetadas pelo temporal e em muitas áreas a grande concentração de lixo dificultou o escoamento das águas que avançaram sobre milhares de habitações.
Vários bairros estão também sem energia, devido à interrupção no fornecimento da Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE) com a chuva a causar inundações de instalações elétricas e quedas de postes.
Na chamada “Lagoa do Coelho”, uma bacia de retenção na Estalagem (Viana) várias pessoas, sem outra possibilidade de passagem, atravessavam com água quase pela cintura ou criavam jangadas improvisadas para passar à força de remadas.
Muitos munícipes tentavam defender as suas casas da entrada de água barricando-se com sacos de areia, enquanto para outros já só restava despejar os quintais inundados recorrendo a simples baldes.
Os alagamentos chegaram ate zonas consideradas nobres como Talatona, bairro suburbano de Luanda onde se localizam boa parte das empresas e vários condomínios luxuosos, onde muitas viaturas se encontravam hoje quase submersas.
A Lusa tentou a longo do dia fazer um balanço dos estragos e apura a existência de vitimas com as autoridades de proteção civil a prometer informações para mais tarde, por se encontrarem ainda na fase de recolha de dados.
Em entrevista à noite à Televisão Publica de Angola, , o porta voz dos Serviços de Proteção Civil e Bombeiros, Faustino Minguês, disse que estão a trabalhar afincadamente para permitir o escoamento das águas.
“Os trabalhos de desassoreamento de algumas vias de passagem, o reperfilamento das bacias de retenção, assim como a limpeza das sarjetas, vão permitir o escoamento normal das águas nos diferentes pontos da cidade capital”, segundo o responsável, citado pelo Jornal de Angola.