As Transações comerciais entre Brasil e Angola devem crescer este ano 21%, totalizando 700 milhões de euros, segundo o embaixador do Brasil, que destaca a agricultura como área prioritária.
Rafael Vidal, que falava em Luanda no âmbito das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, assinalou que as perspetivas para a economia dos dois países são favoráveis pelo que “o desafio” é aumentar os fluxos comerciais até ao patamar de 1,4 mil milhões de euros.
O diplomata sublinhou que o comércio vem acompanhado de investimentos em infraestruturas, agricultura, indústria e saúde, de que são exemplo a refinaria de Cabinda, o terminal marítimo da Barra do Dante, a hidroelétrica de Laúca e a primeira fábrica de medicamentos de Angola na Zona Económica Especial de Luanda.
Está também em construção a primeira fábrica de ferro gusa, edifícios de habitação a custos controlados, uma central elétrica à base de gás, plantações de arroz e há perspetiva de investimento bilateral na produção de fertilizantes.
Os sinais positivos, adiantou, têm sido favorecidos pela retoma dos voos comerciais entre Luanda e Guarulhos (São Paulo), havendo possibilidade de ampliar para 14 frequências semanais até 2023, em função da procura do segmento carga.
Sublinhou também a vocação do Brasil em apoiar o setor agrícola angolano, tendo sido assinado em junho um programa de cooperação em agricultura em áreas irrigadas e agricultura família, com enfoque no Vale do Cunene.
“Confiamos que a experiência brasileira de transposição do Rio São Francisco e de irrigação do semiárido do Nordeste brasileiro será útil a Angola no programa de desenvolvimento do Vale do Cunene”, frisou Rafael Vidal.
Em breve, a embaixada do Brasil em Luanda vai contar também com um adido agrícola “para apoiar e fomentar parcerias empresariais no setor agrícola e para a construção de projetos de cooperação para a diversificação da base produtiva agrícola angolana”.
Outra das áreas essenciais no âmbito da parceria estratégica é a defesa, estando em fase adiantada de consultas um acordo para a formação de tropas angolanas no Centro Sergio Vieira de Mello no Rio de Janeiro, destinadas à Forças de Atuação Rápida das Nações Unidas (UN Rapid Forces).
No âmbito da saúde, o Governo brasileiro mostra-se interessado e expandir o projeto-piloto de implantação e implementação do Banco de Leite Humano, inaugurado em novembro de 2019 na Maternidade Lucrécia Paim e outros projetos na área de formação de médicos em cardiologia e de combate à hanseníase.
Rafael Vidal apontou também as doações humanitárias, como a recente entrega de 1,5 milhões de doses de vacina Tríplice Viral (rubéola, papeira e sarampo).
O Brasil está também “em fase avançada de negociação de um memorando de cooperação em turismo sustentável, que irá promover parcerias empresariais e investimentos brasileiros que promovam o desenvolvimento do setor do turismo em Angola, com contrapartidas de sustentabilidade ambiental e em benefício das comunidades locais”.
O Brasil é um dos países que já felicitou o Presidente angolano, João Lourenço, após a divulgação dos resultados oficiais das eleições, que são contestados pela oposição, e que deverão ser hoje validados, ou não, pelo Tribunal Constitucional (TC).
Rafael Vidal disse que o Brasil “sempre foi e continuará a ser um parceiro preferencial de Angola no seu projeto nacional de desenvolvimento” .