Cientistas sul-africanos descobriram a variante “mais transmissível” do novo coronavírus SARS-Cov-2 na primeira sequenciação genómica realizada com amostras recolhidas em Angola, foi anunciado neste domingo (04.04).
A variante foi descoberta no mês passado em três cidadãos tanzanianos, em Angola, disse o professor Túlio de Oliveira, que lidera a equipa de cientistas sul-africanos da Universidade do KwaZulu-Natal, especialistas em inovação e sequenciamento genómico, que realizou o estudo.
Angola contabiliza 22.579 casos de infeção do novo coronavírus e 540 mortes associadas à Covid-19, segundo o centro de monitoria global da doença pandémica da Universidade John Hopkins.
“Quando comparada com outras variantes de preocupação (VOC, na sigla em inglês) e variantes de interesse (VOI, na sigla em inglês), esta é a mais divergente”, disse Túlio de Oliveira, a salientar que a descoberta foi relatada como sendo “um novo VOI dada a constelação de mutações com significado biológico conhecido ou suspeito, especificamente resistência a anticorpos neutralizantes e transmissibilidade potencialmente aumentada”, explicou.
Investigação urgente
“Embora tenhamos detetado apenas três casos com esta variante, isto justifica uma investigação urgente, pois o país de origem, a Tanzânia, tem uma epidemia em grande parte não documentada e poucas medidas de saúde pública em vigor para prevenir a propagação dentro e fora do país”, disse Túlio de Oliveira ao semanário sul-africano Sunday Tribune, que se publica em Durban, litoral do país.
Os cientistas sul-africanos da Plataforma de Inovação e Sequenciamento de Pesquisa KwaZulu-Natal (KRISP, na sigla em inglês), sublinharam que a nova variante “não foi ainda reportada em nenhum outro país”, nomeadamente na África do Sul.
“Não temos ideia se ainda é novo ou se foi a variante dominante na Tanzânia, e é por isso que pedimos atenção urgente, pois realmente precisamos ter uma melhor compreensão do vírus e da epidemiologia na Tanzânia”, referiu por seu lado Richard Lessells, investigador do KRISP, especialista em doença infecciosas.
“Recebemos amostras adicionais de Angola e estamos atualmente a gerar e a analisar dados”, adiantou.
O estudo realizado pelos cientistas sul-africanos contou com a participação de várias entidades, nomeadamente o Ministério da Saúde de Angola e o África CDC.