A ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, desaconselhou hoje a realização de viagens ao exterior, nomeadamente para países onde já circulam novas estirpes do novo coronavírus, avisando que os viajantes correm o risco de ficar retidos.
“Não viaje se não tiver necessidade expressa”, já que só razões de força maior devem levar a fazer viagens, apelou Sílvia Lutucuta, em Luanda, apresentação dos últimos números da covid-19.
“Temos estado a acompanhar a situação mundial e estamos a assistir a medidas de confinamento extremas em vários países”, incluindo alguns onde as pessoas “viajam com alguma frequência”, afirmou.
A governante avisou que os passageiros podem correr o risco de ficar retidos nesses países.
“Por esta razão, prepare, antecipe-se a faça uma avaliação profunda da necessidade ou não de viajar. Muitos dos países para os quais se viaja com frequência já têm em circulação as novas estirpes, não corra o risco de ficar doente nestas latitudes porque a situação está bastante difícil e já se vai assistindo ao colapso do sistema de saúde nessas regiões”, destacou.
Angola suspendeu as ligações aéreas, terrestres e marítimas com a África do Sul, Austrália, Nigéria e Reino Unido, às 00:00 de 26 de dezembro de 2020 devido ao surgimento da nova variante do SARS-CoV-2.
Questionada sobre se Portugal, destino frequente dos passageiros de Angola, também seria incluído na lista, Sílvia Lutucuta adiantou que já há alguns países da Europa que têm um numero significativo de casos de covid-19 com a nova mutação.
“A referência que temos é que, por enquanto, [Portugal] tem 38 casos com esta nova mutação. Claro que – e por isso estamos a apelar aos angolanos viajantes para que tenham alguma cautela – é tudo muito imprevisível”, avisou Sílvia Lutucuta, notando que Portugal vai avançar com medidas de contenção drásticas.
“Dependendo da propagação desta nova variante em Portugal, nós também tomaremos as medidas adequadas para evitar a importação desta nova estirpe para Angola”, afirmou, indicando que os quatro países com que Angola já suspendeu fronteiras tinham circulação “importante” da nova estirpe.
A governante adiantou que vai ser assinado “outro decreto conjunto”, dos ministérios da Saúde, Transportes, Interior e Relações Exteriores, “com outras medidas adicionais para suportar esta restrição”.
O novo decreto que, “provavelmente”, vai estar pronto já na terça-feira deverá aumentar as restrições, depois de ser feita uma avaliação dos países que estão em pior situação: “Por essa razão, estamos a chamar a atenção aos viajantes, para prestarem atenção à evolução da situação epidemiológica”.
Quanto a Portugal, a situação está a ser analisada “com toda a responsabilidade” e serão tomadas “as medidas adequadas, quando for necessário”.
Sobre a evolução da pandemia em Angola, a ministra da Saúde insistiu que só o cumprimento das medidas poderá “salvar” o país de uma segunda onda.
“Estamos num período de desaceleração, não queremos voltar a subir os números e ainda não sabemos qual foi o impacto da quadra festiva”, notou, acrescentando que os resultados só serão visíveis nos próximos dias.
Sílvia Lutucuta salientou que, mesmo com a vacinação, não se pode baixar a guarda: “Temos de dizer ‘não’ à segunda onda e terceira onda pois são piores do que as primeiras”.
As autoridades de saúde angolanas anunciaram hoje o maior número de recuperados da covid-19 desde o início da pandemia, num total de 953 pessoas, tendo sido registados 61 novos casos e mais quatro óbitos
No total, Angola soma 18.254 casos confirmados, dos quais, 3.009 encontram-se em tratamento, 14.825 recuperaram da doença e 420 resultaram em morte.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.934.693 mortos resultantes de mais de 90,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.