A consultora Capital Economics considerou hoje que os riscos de incumprimento financeiro (‘default’) por parte de Angola desvaneceram-se a curto prazo com a reestruturação da dívida pública, mas o problema pode surgir novamente dentro de alguns anos
“As contas públicas devem melhorar com a subida da receita petrolífera, mas a consolidação orçamental ao abrigo do acordo com o FMI vai continuar a ser o prato do dia, restringindo o aumento da procura”, escreveu o diretor do departamento africano da consultora londrina, William Jackson.
Numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, lê-se que “no seguimento da reestruturação da dívida no ano passado, os receios sobre um ‘default’ de curto prazo desvaneceram-se, mas os problemas da dívida podem voltar a criar dificuldades nos próximos anos”, quando Angola terá de fazer pagamentos relativamente às emissões soberanas.
A Capital Economics prevê que Angola vá “finalmente sair da recessão dos últimos cinco anos, com a produção em setores chaves, como o petróleo, a recuperarem, mas a austeridade vai provavelmente dificultar a recuperação”, que os analistas estimam que vá representar uma expansão de 3,5% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano, acima da maioria das previsões das consultoras e das instituições mundiais.
A produção de petróleo deve aumentar de 1,18 milhões de barris diários em dezembro para 1,45 milhões no final deste ano, “o que aumenta 4 pontos percentuais ao crescimento do PIB”, estimam os analistas, considerando provável que a subida dos preços faça com que as receitas da exportação subam ainda mais do que o previsto.
A nível da África subsaariana, a Capital Economics disse que “a segunda vaga da pandemia que atravessa agora o continente vai manter a atividade económica em níveis deprimidos nos próximos meses e mesmo quando as vacinas chegarem à região as recuperações vão continuar lentas”.
As três maiores economias (Nigéria, África do Sul e Angola) “vão dar-se particularmente mal, com as duas últimas a provavelmente terem de recorrer à austeridade para colocar as trajetórias da dívida numa trajetória mais sustentável”, ao passo que a maioria dos outros países na região “vão acabar por ter de viver com o legado de uma dívida mais elevada devido à falta de abrangência dos processos de alívio da dívida”, concluiu a consultora.
África registou nas últimas 24 horas mais 1.039 mortes por covid-19 para um total de 87.937 óbitos, e 20.177 novos casos de infeção, segundo os últimos dados oficiais da pandemia no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infetados é de 3.494.117 e o de recuperados nos 55 Estados-membros da organização nas últimas 24 horas foi de 21.941, para um total de 2.977.335 desde o início da pandemia.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.176.000 mortos resultantes de mais de 100 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A covid-19 é uma doença respiratória causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.