O ministro da Economia e Planeamento angolano defendeu hoje uma cooperação económica “com soluções integradoras, ainda que de geometria variável” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), destacando a concertação político-diplomática na defesa destes países noutras organizações internacionais.
O governante falava após uma mesa-redonda sobre a Cooperação Económica e Empresarial, em Luanda, sublinhou que a CPLP precisa de soluções que tragam ganhos recíprocos e que sirvam todos os países, indicando que Portugal e Brasil serão certamente exemplos a seguir.
“Eu acredito que Portugal ganha muito na CPLP como ganha o Brasil, como ganha Angola, não acredito que haja um desnível, cada um tem estado a aproveitar desde logo porque a concertação político-diplomática é bastante forte”, afirmou Sérgio Santos.
Segundo o ministro, as posições da CPLP nos fóruns globais são concertadas e, havendo um problema com um dos Estados-membros, existe “uma solidariedade imediata”.
“Portugal ganha, Angola também ganha, em Bruxelas, nós temos Portugal a defender-nos e acredito que nos ‘fora’ onde está o Brasil, temos o Brasil a defender-nos e na União Africana estamos nós também a defender os interesses de Portugal”, acrescentou.
Sérgio Santos deu como exemplo desta concertação o apoio que espera de Portugal em iniciativas como a Europa Global, um instrumento financeiro de apoio à ação externa da União Europeia (UE).
“Já estamos a trabalhar com os nossos parceiros — e a CPLP vai ser uma plataforma para isso – para termos acesso a esse financiamento para os países africanos. Quem é que nos vai defender lá? Vamos ter Portugal em Bruxelas de certeza, é disso que temos de tirar benefício”, frisou.
Angola tem manifestado o desejo de aprofundar a cooperação económica e empresarial na CPLP e elegeu esta como uma das prioridades à frente da presidência da organização, que assume durante a cimeira de chefes de Estado que decorre esta semana em Luanda.
“É preciso trazer mais os empresários para dentro da CPLP e Angola quer deixar ao setor privado algumas das tarefas que eram feitas pelo Governo, o que vai abrir oportunidades através do programa de privatizações, que estão abertas para todos os empresários”, exemplificou Sérgio Santos.
Quanto à cooperação económica e empresarial deve concretizar-se em dois níveis: o da atração de investimento direto estrangeiro para e entre a comunidade e os apoios às pequenas, médias e microempresas, indicou.
O ministro disse ainda que era desejável ter mais parcerias público-privadas dentro da comunidade e apelou também aos empresários para que façam mais negócios entre si e formem consórcios para aproveitar o que têm as diferentes economias.
A propósito dos 25 anos da CPLP, que se celebram nesta data, Sérgio Santos destacou que a organização teve como primeira preocupação a língua e a concertação político-diplomática, com acento tónico na mobilidade, considerando que chegou o momento de falar do tema da cooperação económica e empresarial, especialmente no contexto pandémico que significou uma contração muito forte para todas as economias.
“Achamos que é uma forma de responder a esse momento de crise”, referiu.
Na mesa-redonda sobre Cooperação Económica e Empresarial participaram académicos e responsáveis de confederações empresariais e agências de promoção de investimento da CPLP.
A CPLP, organização criada em 1996, é integrada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.