Os líderes lusófonos repudiaram hoje os ataques no norte de Moçambique e manifestaram solidariedade com as autoridades moçambicanas, mas sem decidirem qualquer apoio concreto da CPLP
Na declaração final da cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), os chefes de Estado e de Governo da organização manifestaram “repúdio pelos atos violentos e bárbaros perpetrados por grupos terroristas na província de Cabo Delgado, em Moçambique”.
Expressaram ainda “profunda consternação com a violência infligida às populações e a destruição de infraestruturas” e preocupação “com a assistência e apoio às centenas de milhares de deslocados internos”, destacando a ação das agências da ONU no apoio à população.
Os líderes lusófonos “solidarizaram-se com o apelo das autoridades moçambicanas para a convergência de apoio internacional e parcerias no âmbito da capacitação das estruturas nacionais competentes no combate ao terrorismo, na defesa dos direitos humanos e na proteção e segurança das populações afetadas”.
Na declaração de Luanda, não é referido qualquer apoio concreto do bloco lusófono a Moçambique na luta contra o terrorismo.
Nesta cimeira, uma das ausências mais notadas foi precisamente a do Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, que se fez representar pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário.
A União Europeia (UE) aprovou esta semana o lançamento de uma missão de formação militar em Moçambique que visa “treinar e apoiar as Forças Armadas Moçambicanas” no “restabelecimento da segurança” em Cabo Delgado, que será liderada pelo brigadeiro-general português Nuno Lemos Pires.
Já a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) aprovou numa cimeira extraordinária, no final de junho, o envio de forças para o norte de Moçambique e uma missão avançada deveria ter chegado esta semana ao país, o que não aconteceu.
Além destas forças, chegou a Moçambique, no passado dia 09 um primeiro contingente de tropas ruandesas, que também vão apoiar o país lusófono, no âmbito de um acordo bilateral, mas esta presença tem sido contestada pela oposição, que critica o facto de o Governo não ter informado o parlamento sobre a decisão.
Ainda a nível bilateral, Portugal tem previsto o envio de cerca de 60 militares para ajudar na formação de tropas moçambicanas no âmbito do combate ao terrorismo.
Também o Brasil se manifestou disponível para colaborar com Moçambique, caso Maputo solicite apoio militar, disse o vice-Presidente brasileiro, Hamilton Mourão, em entrevista à Lusa.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico. Há mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com as Nações Unidas.
Integram a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.