David Mendes, deputado independente pelo grupo parlamentar da UNITA, exige um pronunciamento da direcção do partido sobre ameaças de morte dirigidas à sua pessoa e que são atribuídas a jovens supostamente ligados à formação política liderada por Adalberto Costa Júnior.
A exigência do também jurista surge na sequência da divulgação de um vídeo, de quase três minutos, no blogue “UNITA-Bruxelas”, em que surgem jovens a gritarem “David Mendes traiu a Pátria! David Mendes, vamos encontrar-te e queimar-te porque já não nos representas!”, em reacção a um comentário do deputado, no último domingo, na TV Zimbo, sobre a participação do partido numa tentativa de manifestação, na véspera.
Os jovens que proferiam as ameaças estavam defronte às instalações do Tribunal Provincial de Luanda (Palácio Dona Ana Joaquina), onde decorria o julgamento de uma centena de jovens acu- sados de arruaça, na referida tentativa de manifestação.
No habitual espaço “Revista da Semana”, da TV Zimbo, o deputado considerou que a participação da UNITA na tentativa de manifestação “foi um erro estratégico”.
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, o jurista negou que a contestação à sua pessoa também tenha a ver com o facto de, durante a campanha para a eleição do novo presidente da UNITA, tenha apoiado um candidato que não é Adalberto Júnior.
“Não tem nada a ver com isso”, garantiu. “Aguardo, com serenidade, o pronunciamento da direcção da UNITA ao vídeo produzido pela UNITA-Bruxelas, com ameaças de morte à minha pessoa”, afirmou David Mendes, na sua conta do Facebook.
Ao Jornal de Angola, acrescentou: “dependendo do que a direcção da UNITA disser, eu farei um pronunciamento público”.
Questionado se ainda estava disponível a continuar, na próxima legislatura, como deputado da UNITA, caso volte a ser convidado, David Mendes insistiu que tudo depende do que a direcção do partido disser sobre o vídeo editado e publicado num dos seus blogues.
O advogado, membro da “Associação Mão Livres”, esclareceu, ainda, no Facebook, que quando foi convidado para comentar, no espaço “Revista da Semana”, da TV Zimbo, aceitou sem qualquer contrapartida material ou financeira, mas pretendia manter a sua independência e liberdade de expressão. “O dia em que a TV Zimbo achar oportuna a minha substituição, assim será e vou agradecer por mais uma oportunidade que tive na vida”, disse.
O Jornal de Angola tentou ouvir a reacção do secretário-geral da UNITA, Álvaro Chikwananga Daniel, mas infrutíferamente.
No primeiro contacto, ao meio da tarde, alguém atendeu o telefone, dizendo que aquele dirigente partidário estava a participar na reunião da Comissão Política da UNITA.
Na segunda tentativa, ao princípio da noite, o telefone tocou, mas ninguém atendia. O mesmo aconteceu na tentativa de contacto com o porta-voz do partido, Marcial Dachala.